O objetivo de envolver o ex-diretor-geral do FMI no caso de proxenetismo em torno do hotel Carlton era fazê-lo cair em uma armação, afirmou nesta sexta-feira Emmanuel Riglaire, um dos 14 acusados julgados pelo tribunal de Lille (norte da França).
"Todo foi orquestrado, tudo foi organizado", afirmou Riglaire, denunciando um caso montado para prejudicar o ex-chefe do Fundo Monetário Internacional.
"Foi a destruição de um quase candidato à presidência", acrescentou, em referência às pesquisas que, na ocasião, favoreciam Strauss-Kahn, do Partido Socialista francês.
Emmanuel Riglaire fez uso da palavra para se defender das acusações de Mounia, prostituta que também testemunhou
No julgamento que começou na segunda, quase quatro anos após ter sua carreira política arruinada por um escândalo sexual nos Estados Unidos, o ex-diretor do FMI negou conhecer dois dos principais acusados neste novo escândalo sexual.
Em seu breve comparecimento nesse primeiro dia de processo por acusações relacionadas à prostituição, na cidade francesa de Lille (norte), DSK, como é chamado na França, garantiu nunca ter-se reunido com o cafetão "Dodo la Saumure", nem com René Kojfer.
A acusação aponta os dois como os organizadores das festas com prostitutas, das quais Strauss-Kahn teria participado.
o ex-número um do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 65 anos, disse ainda que "nunca" foi ao Carlton, hotel de luxo de Lille e que deu o nome ao caso. Seria para lá que René Kojfer, responsável pelas Relações Públicas do estabelecimento, teria levado as prostitutas.
Acusado de ser o principal beneficiário e instigador das noites libertinas em Paris e Washington, Strauss-Kahn corre o risco de ser condenado a dez anos de prisão e a pagar uma multa de mais de um milhão de euros.
A defesa de Dominique Strauss-Kahn não mudou: trata seu cliente como um adepto da libertinagem, e não de prostitutas, que desconhecia a qualidade das jovens mulheres que participaram das noites.
O gosto extremo desse ex-ministro por mulheres já havia destruído sua carreira política.
O "caso Carlton" teve início paralelamente ao escândalo de Nova York, quando uma camareira do hotel Sofitel o acusou de estupro.
Em maio de 2011, imagens de DSK algemado e cercado de policiais rodaram o mundo. O caso terminou com um acordo financeiro confidencial entre o acusado e a camareira Nafissatou Diallo. Dessa vez, porém, ele terá sua vida sexual exposta ao público.
A investigação preliminar no "escândalo Carlton" foi aberta pela Polícia Judiciária de Lille, após denúncias anônimas. Os investigadores se concentram na frequentação do hotel Carlton e do hotel de Tours, onde René Kojfer é suspeito de contratar prostitutas para satisfazer alguns clientes.
"Ele nunca gastou um centavo", afirma seu advogado Hubert Delarue.
A polícia grampeou o celular de René Kojfer e, dessa forma, descobriu vários nomes, incluindo o de Dominique Strauss-Kahn.
Os investigadores passaram a monitorar uma rede de personalidades suspeitas de contratar os serviços de jovens mulheres colocadas à disposição pelo responsável das relações públicas.
Entre eles, estão o empresário David Roquet; o empreiteiro especializado em material hospitalar Fabrice Paszkowski; Emmanuel Riglaire, um advogado de Lille; e David Roquet, ex-presidente de uma filial da empresa de obras públicas Eiffage.
O chamado círculo libertino contaria ainda com o policial Jean-Christophe Lagarde e com Dominique Strauss-Kahn.
Segundo a acusação, esses homens se encontravam regularmente para tais noitadas no norte da França, mas também em Paris, ou em Washington, sede do FMI, para onde três viagens foram organizadas quando DSK ainda dirigia o Fundo.