O presidente russo, Vladimir Putin, tem ambições que vão além da Ucrânia e poderia atacar um país báltico para testar a determinação dos países ocidentais, afirmou o ex-secretário-geral da Otan Anders Fogh Rasmussen no jornal britânico The Daily Telegraph.
As declarações de Rasmussen coincidem com a visita a Moscou do presidente francês, François Hollande, e da chanceler alemã, Angela Merkel, para tentar convencer Putin a aceitar um novo plano de paz para o leste da Ucrânia, onde os combates se intensificaram nos últimos dias entre rebeldes pró-Rússia e as forças de Kiev.
"É preciso olhar além da Ucrânia. Putin quer devolver à Rússia sua posição de grande potência. Há muitas probabilidades de uma intervenção no Báltico para testar o artigo 5 da Otan", afirma Rasmussen.
O artigo 5 do tratado do Atlântico Norte estipula que um ataque contra o exército de um dos países membros "será considerado um ataque contra todas as partes" e que, em consequência, estas assistirão "parte ou as partes atacadas", usando a força se necessário.
"Putin sabe que será vencido se cruzar a linha vermelha e atacar um aliado da Otan. Mas é um especialista da guerra híbrida, que mistura diferentes tipos de operações para desestabilizar um Estado", completa Rasmussen.
A situação na Ucrânia e a anexação da península da Crimeia pela Rússia em março de 2014 preocupam os três países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) que após décadas de ocupação soviética temem as ambições territoriais de Moscou.
Os três países, membros da Otan desde 2004, aumentaram os orçamentos militares nos últimos meses.