O secretário de Estado americano John Kerry criticou nesta quarta-feira uma carta aberta ao Irã redigida por senadores republicanos contra as negociações sobre o programa nuclear desse país, alegando que o texto prejudica a confiança internacional nos Estados Unidos.
"Isso ameaça minar a confiança que os governos estrangeiros depositam em milhares de acordos importantes com os quais os Estados Unidos e outros países estão comprometidos", declarou Kerry ante os legisladores americanos.
Ele disse ter reagido com total incredulidade à notícia da carta, que foi enviada num momento em que se prepara a retomada das discussões para um acordo definitivo com Teerã.
O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já havia acusado os senadores republicanos de "minar" a autoridade do presidente Barack Obama coma a carta dirigida às autoridades iranianas.
Em uma carta aberta destinada aos "dirigentes da República Islâmica do Irã", 47 dos 54 senadores republicanos advertiram os iranianos que o Congresso é o único que tem o poder de suspender definitivamente as sanções americanas, adotadas nos últimos anos sob forma de leis.
Implicitamente, os senadores destacam desta maneira a oposição a um eventual acordo político entre o grupo dos países 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) e Irã, poucos dias antes do início de um novo ciclo de negociações sobre o programa nuclear iraniana.
Segundo o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, a carta dos senadores republicanos mina a confiança do Irã nos Estados Unidos.
"Esta carta sem precedentes não é diplomática. Na realidade nos dizem que não se pode ter confiança nos Estados Unidos", disse Zarif, citado pela agência Isna.
Em um discurso ante a assembleia dos especialistas, uma importante instituição religiosa e política, Zarif acusou os extremistas do Congresso americano de criar problemas nas negociações com os Estados Unidos.