A Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba) exigiu nesta terça-feira do presidente Barack Obama a anulação do decreto que considera a situação política da Venezuela uma "ameaça incomum e extraordinária" para a segurança dos Estados Unidos.
Em declaração firmada em Caracas e lida pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a Alba exige do "governo dos Estados Unidos a derrogação da ordem executiva, que constitui uma ameaça à soberania da Venezuela".
"A irmã República Bolivariana da Venezuela não representa ameaça para qualquer país sendo uma nação solidária que já demonstrou sua vontade de cooperar com os povos e os governos da região", acrescenta o documento, que exige de Washington "a suspensão imediata da perseguição e da agressão" contra este país.
Imerso em uma severa crise econômica, escassez de artigos básicos, recessão e falta de divisas, o governo Maduro lidera uma ofensiva diplomática para responder às sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos contra seis altos militares e policiais e uma procuradora, acusados de violar direitos humanos e estar envolvidos em casos de corrupção.
A medida de Washington, que tachou a Venezuela como "uma ameaça extraordinária à segurança nacional e à política externa dos Estados Unidos", lançada em 9 de março, já havia gerado manifestações de apoio por parte da Unasul, do Movimento de Países Não Alinhados, e de grupos regionais de esquerda.
Nesta terça-feira, o governo venezuelano publicou uma "carta ao povo dos Estados Unidos" no jornal New York Times negando ser uma ameaça para o país e exigindo a derrogação das recentes sanções impostas pelo presidente Obama.
Em um preâmbulo à reunião em Caracas, o líder cubano Fidel Castro também afirmou em uma carta a Maduro que a Venezuela está preparada tanto no campo diplomático como militar para enfrentar "a insólita política de ameaças e imposições dos Estados Unidos".
Além de Venezuela, Cuba e Bolívia, a Alba é formada por Equador, Nicarágua, Antígua e Barbuda, Comunidade da Dominica, Santa Lúcia, Granada, São Cristóvão e Neves, e São Vicente e Granadinas.
A Alba foi criada em 14 de dezembro de 2004 por Hugo Chávez (falecido em 2013) e Fidel Castro (que deixou o poder em 2006) como alternativa à Alca, o Acordo de Livre Comércio entre as Américas, defendida pelos Estados Unidos.