Especialistas do Escritório de Investigações e Análises (BEA) da França, que analisam a caixa-preta do avião da companhia alemã Germanwings, anunciaram que, apesar dos danos no gravador de voz do cockpit, foi possível recuperar um arquivo de áudio. “Vamos trabalhar agora para tentar interpretar e entender os sons e vozes”, disse o diretor do BEA, Remy Jouty.
Ele não quis adiantar o conteúdo do arquivo. “Temos alguns minutos de gravação. Não podemos dizer quem está falando. Leva tempo para entender essas coisas. Ainda é cedo para tirar conclusões sobre o que aconteceu”. Não há previsão para que o resultado da análise seja divulgado.
A expectativa é que, a partir dos sons na cabine e das conversas entre os pilotos e o restante da tripulação, seja possível entender os motivos do acidente aéreo. Até agora, as causas da tragédia permanecem indeterminadas.
A aeronave, que decolou de Barcelona por volta de 10h (6h no Brasil) da última terça (24), em direção a Düsseldorf (Alemanha), perdeu estabilidade quando voava a 11 mil metros de atitude sobre uma área remota dos Alpes franceses. A queda durou cerca de dez minutos, considerada rápida por especialistas, mas não ocorreu uma queda livre.
De acordo com o diretor do BEA, as informações levantadas até agora são suficientes para sugerir que o avião não explodiu em pleno voo e não sofreu despressurização. “O avião colidiu com um lado da montanha em alta velocidade (700 quilômetros por hora) e com grande energia. Só então ele se desintegrou e se dispersou em pequenos pedaços”, informou Jouty.
Entre as hipóteses mais prováveis para explicar a catástrofe estão problemas técnicos, uma explosão do motor ou um erro humano diante de uma situação de emergência. Possibilidades menos prováveis, como um ataque terrorista ou uma colisão com algum objeto ou animal, também são consideradas pelos investigadores.
A última comunicação do avião com o controle de tráfego aéreo aconteceu por volta das 10h30 (hora local), pedindo permissão para continuar a rota. Um minuto depois, o Airbus A320 começou a cair e não houve mais resposta dos pilotos às chamadas do centro de controle, que acompanhou a trajetória pelo radar até momentos antes da colisão.
Questionado sobre a descida “aparentemente controlada” da aeronave, Jouty reconheceu que o avião parecia ser controlado por pilotos ou pelo piloto automático. “Apesar de que é difícil imaginar que um piloto enviaria um avião para uma montanha”, observou.
As buscas continuam no local do acidente para tentar recuperar e identificar os corpos das 150 vítimas do desastre aéreo. De acordo com informações divulgadas esta manhã por autoridades francesas, passageiros de 15 nacionalidades embarcaram no voo, a maioria espanhóis e alemães.