Nigéria aguarda o resultado de eleição presidencial em meio a violências

Disputa presidencial é a mais acirrada desde o fim da ditadura em 1999
Da AFP
Publicado em 30/03/2015 às 14:07
Disputa presidencial é a mais acirrada desde o fim da ditadura em 1999 Foto: Foto: EMMANUEL AREWA / AFP


Os nigerianos, que compareceram em peso às urnas no fim de semana, aguardam o resultado de uma eleição presidencial muito acirrada, globalmente satisfatória, mas com suspeitas de "interferências políticas deliberadas", segundo Estados Unidos e Grã-Bretanha.

À margem das negociações sobre o programa nuclear iraniano na Suíça, o secretário de Estado americano, John Kerry, e seu colega britânico, Philip Hammond, afirmaram não aconteceu uma manipulação sistemática do processo eleitoral na Nigéria, mas existem "indícios preocupantes de que o processo de apuração dos votos pode ser objeto de interferências políticas deliberadas".

A Comissão Eleitoral Independente da Nigéria (INEC) reagiu de maneira rápida e afirmou que os temores não têm fundamento e "não existe nenhuma prova de interferência política".

Ante o risco de violência pós-eleitoral, a União Africana (UA) fez um apelo, em um comunicado, pelo recurso "aos meios legais existentes em caso de contestação dos resultados" da eleição, que segundo a organização respeitou os "princípios continentais de eleições democráticas".

A disputa presidencial mais acirrada desde o fim da ditadura em 1999 tem como rivais o atual chefe de Estado, Goodluck Jonathan, de 57 anos, e Muhamadu Buhari, 72, candidato do Congresso Progressista (APC).

Quase 69 dos 173 milhões de habitantes da Nigéria compareceram às urnas para escolher o presidente, os 109 senadores e 360 deputados do país de maior população da África, o maior produtor de petróleo e principal potência econômica do continente. 

Pela primeira vez os eleitores foram identificados pela impressão digital, o que em tese deveria evitar as fraudes registradas em votações anteriores.

Para a UA, "os processos de registro, de votação e de apuração foram, em geral, muito transparentes".

 

Violência pós-eleitoral 

Analistas temem distúrbios após o anúncio dos resultados, como os que aconteceram nas eleições de 2011, que deixaram quase 100 mortos.

Os primeiros incidentes foram registrados no domingo em Port-Harcourt, capital do estado petrolífero de Rivers (sul), entre partidários de Jonathan. O presidente da INEC, Attahiru Jega, prometeu investigar todas as queixas e pediu calma. 

Em Kaduna, grande cidade do centro do país e uma das mais afetadas pela violência de 2011, existe o medo de repetição do massacre de cristãos ocorrido quando Buhari admitiu a derrota para Jonathan há quatro anos.

Oito membros do grupo islamita Boko Haram e três milicianos morreram nesta segunda-feira em combates nos estados de Gombe e Bauchi, nordeste da Nigéria, a região mais afetada pela organização extremista.

Supostos membros do Boko Haram atacaram várias aldeias dos estados de Gombe e Bauchi no último final de semana, vandalizando colégios eleitorais durante as eleições.

O Boko Haram, expulso recentemente de suas fortalezas em Adamawa, Yobe e Borno, três outros estados do nordeste do país, por uma operação militar regional, intensificou os ataques em Bauchi e Gombe nas últimas semanas

No domingo, o exército executou ataques aéreos e uma operação terrestre contra os insurgentes perto de Bauchi e instaurou um toque de recolher por tempo indeterminado nesta cidade e em outros dois distritos.

O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, havia prometido perturbar as eleições e seus combatentes executaram vários ataques, sem alcançar o objetivo de impedir o comparecimento dos eleitores.

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