Os líderes europeus que vão se reunir na quinta-feira em uma cúpula extraordinária em Bruxelas, motivada pela morte de centenas de imigrantes no mar Mediterrâneo, deverão se pronunciar sobre uma operação militar contra os traficantes de seres humanos, segundo um projeto de declaração.
São necessários "esforços sistemáticos para identificar, capturar e destruir as embarcações antes que sejam utilizadas pelos traficantes", indica o documento obtido pela AFP nesta quarta-feira.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, é "convidada a começar imediatamente os preparativos para uma possível operação de segurança e defesa, respeitando as leis internacionais", diz o texto.
As primeiras consultas sobre esta proposta mostram "uma vontade política de lançar este sinal forte", disse à AFP uma fonte próxima ao assunto.
"Não podemos ser sérios se não levarmos em consideração o pedido de Matteo Renzi", declarou uma autoridade europeia, em referência ao pedido do chefe de governo italiano, que solicitou a análise da possibilidade de "intervenções dirigidas" a traficantes de pessoas na Líbia, o principal país de embarque dos imigrantes e de demandantes de asilo para a Itália e Malta.
Se aceita, a organização desta operação militar da União Europeia seria a primeira medida neste sentido na luta contra a imigração ilegal.
"Sua implementação vai levar tempo", advertiram diplomatas encarregados do caso. "Teremos que preparar planos operacionais e mobilizar meios militares", explicaram.
Atalanta, a missão militar da UE contra a pirataria ao largo da costa da Somália, foi lançada em 2008, mas as primeiras ações contra barcos piratas foram realizadas apenas em 2011 e 2012, segundo o deputado francês Arnaud Danjean.
"Para destruir as embarcações na Líbia, precisamos de um mandato" das Nações Unidas, explicou. "A possibilidade de ação em terra concedida à força naval Atalanta na Somália quase nunca foi utilizada porque não é tão simples", insistiu.
O plano apresentado aos líderes europeus também inclui medidas para intervir durante a travessia de barcos de migrantes.
Ele propõe passar de três a seis milhões de euros o orçamento mensal da Frontex, a agência encarregada de vigiar as fronteiras, para reforçar os recursos destinados às missões marítimas Triton na Itália e Poseidon na Grécia, a fim de permitir um aumento das operações de vigilância e salvamento.
A terceira parte deste projeto trata do acolhimento dos imigrantes e refugiados. Propõe aos Estados acolher "ao menos 5.000 pessoas que obtiverem status de refugiados" como parte de um plano de realocação.
Os Estados da UE também são convidados a mostrar sua solidariedade para com os países mais afetados, aceitando receber parte dos imigrantes, a fim de ajudar a determinar se podem ou não beneficiar do direito de asilo.