Coalizão liderada por Riad volta a bombardear rebeldes no Iêmen

Os rebeldes exigiram a suspensão total dos ataques aéreos antes de retomar as conversações políticas com a mediação da ONU
Da AFP
Publicado em 23/04/2015 às 14:02
Os rebeldes exigiram a suspensão total dos ataques aéreos antes de retomar as conversações políticas com a mediação da ONU Foto: Foto: ASHRAF AMRA / AFP


A coalizão liderada pela Arábia Saudita prosseguiu nesta quinta-feira com os bombardeios contra os rebeldes xiitas huthis no Iêmen, por considerar que ainda representam uma ameaça. 

Dois dias depois de Riad anunciar o fim da campanha aérea, os aviões voltaram a atacar posições rebeldes na quarta-feira e nesta quinta-feira.

Na terça-feira, o governo saudita anunciou o fim da fase intensiva dos bombardeios iniciada em 26 de março, mas garantiu que sua Força Aérea atuaria caso os movimentos rebeldes voltassem a representar ameaça. 

"Quando os huthis fizerem um movimento agressivo, responderemos", declarou na quarta-feira o embaixador saudita nos Estados Unidos, Adel al-Jubeir. 

"Vamos continuar utilizando a força para impedir que tomem o Iêmen com ações agressivas". 

De acordo com o diplomata, os huthis começaram a convergir para Áden (sul) "de três zonas distintas". 

A segunda maior cidade do país registrou uma nova noite de combates entre huthis e partidários do presidente Abd Rabo Mansur Hadi, que fugiu em março para Riad ante o avanço rebelde. 

Os aviões sauditas atacaram nesta quinta-feira posições rebeldes ao nordeste de Sanaa, a capital, que está sob controle dos milicianos xiitas desde fevereiro, assim como alvos nas cidades de Yarim (centro), Taez (sudoeste) e Lahj (sul). 

Em Dhaleh, também no sul, os bombardeios destruíram escolas e prédios públicos tomados pelos rebeldes, afirmou à AFP Naser Shuabi, líder local de uma unidade paramilitar partidária de Hadi. 

Riad decidiu atuar no Iêmen na liderança de uma coalizão de nove países árabes, com o objetivo de impedir o avanço dos huthis, respaldados por Teerã, e de sus aliados, os partidários do ex-presidente Ali Abdullah Saleh. 

Os novos bombardeios provocam perguntas sobre os motivos que levaram a Arábia Saudita a anunciar o fim da campanha aérea.

Alguns analistas acreditam que a decisão foi tomada pela crescente pressão internacional ante o elevado número de vítimas civis do conflito. 

Outros sugerem a possibilidade do início de negociações secretas para uma solução política. 

Riad recebeu muitas críticas pelo custo humano de seus bombardeios. A ONG Human Rights Watch pediu uma investigação sobre os supostos erros da coalizão em um conflito que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), deixou 1.080 mortos e 4.352 feridos - civis e militares - entre 19 de março e 20 de abril. 

Diante da gravidade da situação, a Fundação Bill e Melinda Gates, criada pelo fundador de Microsoft e sua esposa, anunciou nesta quinta-feira uma doação de 800.000 dólares para os hospitais do Iêmen. 

Mas os rebeldes exigiram a suspensão total dos ataques aéreos antes de retomar as conversações políticas com a mediação da ONU. 

"Depois de um fim completo da agressão contra o Iêmen e da suspensão do bloqueio aéreo e marítimo, exigimos que se retome o diálogo político no ponto em que foi interrompido",  declarou Mohamed Abdelsalam, porta-voz dos rebeldes huthis, em um comunicado.

Abdelsalam também celebrou os "esforços positivos" da ONU e seu "apoio decidido ao diálogo nacional", enquanto a Arábia Saudita e seus aliados preferem negociações em escala regional. 

A imprensa do Golfo menciona uma série de informações, não confirmadas, sobre supostos encontros regionais para a retomada das negociações e uma tentativa de solução política para o Iêmen. 

Ao mesmo tempo, as autoridades da Arábia Saudita, país de fronteira com o Iêmen, reforçaram as medidas de segurança em Riad ao redor dos centros comerciais pelo temor de possíveis atentados.

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