O presidente francês, François Hollande, afirmou nesta quinta-feira em Bruxelas que para acabar com o drama dos migrantes no Mediterrâneo é preciso "consertar os erros do passado" na Líbia, país no qual França e Grã-Bretanha lideraram uma coalizão para derrubar Muanmar Kadhafi.
Ao chegar a uma reunião de cúpula extraordinária em Bruxelas convocada após a tragédia de domingo no Mediterrâneo, Hollande estimou que não se pode resolver o problema "se o mundo permanece indiferente ao que acontece na Líbia".
"Como é possível que depois da intervenção há mais de três anos e meio na Líbia em 2011 não tenha ocorrido nenhuma reflexão sobre o que deveria ser feito posteriormente", disse Hollande, que em maio completa três anos na presidência francesa.
"Ainda que coloquemos mais meios, mais vigilância, mais presença no mar, maior cooperação, maior luta contra os terroristas, sempre haverá esta causa terrível que é o fato de que este país não está mais dirigido, não está governado, está em meio ao caos", disse Hollande, acrescentando que "se trata de consertar os erros do passado".
Em 2011 uma coalizão liderada pela França, então dirigida pelo conservador Nicolas Sarkozy, e a Grã-Bretanha, governada pelo primeiro-ministro David Cameron, foi determinante para que a incipiente rebelião contra o coronel Muanmar Kadhafi colocasse fim a um regime de quatro décadas.
A Líbia está afundada no caos desde a queda em 2011 de Muanmar Kadhafi, com dois governos que disputam o poder, um reconhecido pela comunidade internacional e outro administrado pelas milícias islamitas de Fajr Libya, que controlam a capital.
Esta situação levou o país a se converter em uma plataforma de onde partem os barcos repletos de imigrantes que desejam chegar à costa europeia.