Novo emissário da ONU tentará reativar diálogo no Iêmen

Diálogo foi paralisado desde que há um mês uma coalizão liderada pela Arábia Saudita iniciou uma campanha de bombardeios contra os rebeldes
Da AFP
Publicado em 26/04/2015 às 15:33
Diálogo foi paralisado desde que há um mês uma coalizão liderada pela Arábia Saudita iniciou uma campanha de bombardeios contra os rebeldes Foto: Foto: SALEH AL-OBEIDI / AFP


O novo emissário das Nações Unidas para o Iêmen tentará reativar o diálogo no país, paralisado desde que há um mês uma coalizão liderada pela Arábia Saudita iniciou uma campanha de bombardeios contra os rebeldes huthis.

A missão do diplomata mauritano Ismail Ould Cheikh Ahmed, que sucede Jamal Benomar, será muito difícil enquanto prosseguirem os combates e os bombardeios sauditas no país.

Os rebeldes xiitas exigem que a coalizão coloque fim a sua campanha militar para voltar às negociações, interrompidas em 26 de março quando os primeiros aviões sauditas atacaram suas posições no Iêmen.

"O diálogo só poderá ser retomado após o fim da agressão externa", repetiu neste domingo Mohamed al-Bujaiti, membro do conselho político dos huthis, à AFP.

Segundo ele, as conversas "devem ser retomadas do ponto em que pararam" sob os auspícios de Benomar, que renunciou após receber duras críticas dos países do Golfo por sua mediação infrutífera. 

A ONU disse no sábado (25) que o novo mediador "trabalhará em estreita colaboração com os membros do conselho, os países do Conselho de Cooperação do Golfo, os governos da região e outros sócios".

Ould Cheik Ahmed, de 55 anos, foi eleito por sua longa experiência diplomática nos países do Oriente Médio. Dirige a missão da ONU contra o Ebola, depois de ter ocupado diferentes postos por 28 anos, como o de coordenador humanitário na Síria (2008-2012) e no Iêmen (2012-2014).

 

Dezenas de mortos

Embora Riad tenha anunciado na última terça-feira (21) o fim da fase intensiva de sua operação aérea "Tempestade Decisiva", a coalizão continuou com seus bombardeios sobre posições dos rebeldes e de seus aliados.

A aviação saudita realizou neste domingo ao amanhecer quatro ataques aéreos contra o palácio presidencial em Sanaa e uma colina próxima para impedir que os rebeldes enviassem reforços militares à província de Mareb, a leste da capital, indicou à AFP uma fonte militar.

Segundo representantes comunitários, nas últimas 24 horas 90 combatentes rebeldes morreram nesta cidade, enquanto os partidários do presidente Abd Rabo Mansur Hadi perderam oito soldados, mas este balanço não pôde ser verificado por nenhuma fonte independente.

Em Adén, a principal cidade do sul do país, os enfrentamentos desde sábado deixaram oito mortos, três deles rebeldes. 

Também foram registrados confrontos com armas de diferentes calibres em Taez (sudoeste), depois que os rebeldes receberam reforços da localidade de Al-Maja, no mar Vermelho, indicaram autoridades locais, que informaram que entre os falecidos havia civis.

Em Dhaleh, mais a leste, os aviões da coalizão árabe conseguiram lançar medicamentos e equipamento médico depois que os rebeldes impediram que um comboio de organizações humanitárias entrasse na cidade, segundo autoridades locais. Os paridários do presidente Hadi afirmaram ter matadi 22 insurgentes em cinco emboscadas. 

Mais de 1.000 pessoas, a metade delas civis, morreram entre 19 de março e 20 de abril por culpa do conflito no Iêmen, segundo a Organização Mundial da Saúde. De acordo com a ONU, ao menos 115 crianças perderam a vida nas hostilidades.

 

Intérprete libertada

Por sua vez, a intérprete iemenita Sherin Makaui, sequestrada em fevereiro ao mesmo tempo em que a francesa Isabelle Prime, anunciou neste domingo sua libertação à AFP.

"Me libertaram no dia 10 de março", indicou por e-mail, sem fornecer detalhes sobre os sequestradores, nem sobre as condições de sua libertação.

A jovem intérprete, libertada em Áden com a condição de que não falasse com a imprensa, disse que "Isabelle (Prime) estava saudável" da última vez que foi vista.

Homens disfarçados de policiais sequestraram Prime, que trabalhava para uma consultoria especialista em desenvolvimento sustentável, e sua intérprete, Sherin, no dia 24 de fevereiro quando viajavam a bordo de um táxi.

Esta última contou ter sido vítima de tortura física durante seu cativeiro.

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