Pés e mãos algemados, deitado no chão de um furgão da polícia, o jovem negro Freddie Gray sofreu uma lesão grave na coluna ao ser detido na cidade norte-americana de Baltimore, que acabou provocando sua morte, segundo relato da promotora local Marilyn Mosby, feito nesta sexta-feira.
Tudo começou na manhã de 12 de abril, quando o tenente da polícia Brian Rice e os agentes Garrett Miller e Edward Narrow mantiveram "contato visual" com Gray, 25 anos, que decidiu correr ante a presença da polícia.
Gray foi perseguido por Miller e Narrow e foi rapidamente colocado no chão, com as mãos algemadas para atrás.
O jovem gritou para os policiais que não conseguia respirar e pediu um inalador, mas não obteve resposta. Em vez disso, os agentes estavam focados em encontrar uma faca, que estava num dos bolsos da calça usada por Gray.
Enquanto aguardavam a chegada do agente Caesar Goodsen com o veículo policial, os oficiais mantiveram Gray no chão em uma posição chamada "laço de perna", com o peito no chão com as pernas entrelaçadas para garantir sua imobilidade.
Ele foi colocado no furgão sem o cinto de segurança, violando o regulamento da polícia de Baltimore, com as mãos e as pernas atadas com fitas plásticas, deitado no chão do veículo.
O carro da polícia parou várias vezes a caminho da delegacia para verificar como Gray estava. Na terceira parada, o jovem pediu "pelo menos duas vezes" ajuda médica, mas não obteve respostas. Em seguida, o agente William Porter entrou na viatura.
Ignorando o estado de Gray, a polícia colocou outro jovem no veículo, preso pela oficial Alicia White.
A própria agente verificou que Gray não "apresentava reações". Apesar disso, e tendo sido alertada de que Gray havia pedido ajuda médica, "ela não fez nada".
Chegando à delegacia, o segundo preso foi removido primeiro, mas quando os oficiais foram retirar Gray do camburão, viram que ele "não respirava".
Um médico constatou uma parada cardíaca e notou que o rapaz estava "seriamente e talvez mortalmente ferido". Gray foi levado às pressas para um hospital, onde foi operado, mas não recuperou a consciência e morreu em decorrência dos ferimentos no dia 19 de abril.
O médico legista de Maryland concluiu que tratou-se de homicídio, já que o jovem não foi protegido pelo cinto de segurança no interior do camburão da polícia.
Os seis policiais envolvidos no incidente vão ser processados por vários crimes, incluindo homicídio duplamente qualificado, agressão grave culposa, negação de atendimento médico, detenção ilegal e má conduta profissional.
Neste cenário, o agente Goodsen (que estava dirigindo o camburão) está exposto a uma pena máxima de 30 anos, e os outros a penas máximas de 10 anos.