Iraque rebate críticas dos Estados Unidos

Americanos acusaram forças iraquianas de ''falta de vontade'' na luta contra o Estado Islâmico
Da AFP
Publicado em 25/05/2015 às 12:26
Americanos acusaram forças iraquianas de ''falta de vontade'' na luta contra o Estado Islâmico Foto: Foto: CHRISTOPHE CHARON IMAG-AIR.COM / AFP


Bagdá rejeitou as críticas americanas sobre a "falta de vontade" do exército iraquiano de lutar contra os jihadistas, enquanto um general iraniano acusou Washington de "não fazer nada" para ajudar suas tropas em Ramadi.

Na Síria, os combates prosseguiam nesta segunda-feira nos arredores da cidade de Palmira, após sua conquista pelo grupo Estado Islâmico (EI), que executou mais de 200 soldados e civis no centro do país nos últimos dias, segundo uma ONG.

O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, expressou sua "surpresa" após as declarações do secretário americano da Defesa, Ashton Carter, as mais críticas de uma autoridade americana em relação às autoridades iraquianas durante os últimos meses.

Carter lamentou no domingo em entrevista ao canal CNN que o exército iraquiano "não demonstrou vontade de lutar" para defender a cidade estratégica de Ramadi, que caiu nas mãos dos jihadistas em 17 de maio. 

Ele destacou que o grupo extremista sunita EI só pode ser vencido pelo engajamento das forças iraquianas, ainda que os Estados Unidos apoiem com ataques aéreos, forneça equipamentos e treine soldados. "Estou surpreso com o que ele disse (...) Estou certo que ele recebeu informações inexatas", reagiu Abadi na BBC.

Estados Unidos "não fazem nada"

A queda de Ramadi, capital da província de Al-Anbar, localizada a uma centena de quilômetros a oeste da capital iraquiana, trouxe vários questionamentos sobre a estratégia não apenas do governo de Abadi, mas também dos Estados Unidos, aliado próximo de Bagdá.

Mais de 3.000 ataques aéreos da coalizão internacional liderada por Washington não impediram o EI de continuar a reforçar seu "califado", proclamado nos amplos territórios conquistados no Iraque e na Síria.

O influente general iraniano Ghassem Souleimani declarou que os Estados Unidos "não fizeram nada" para ajudar o exército iraquiano em Ramadi.

"Obama, qual é a distância entre Ramadi e a base Al-Assad, onde os aviões americanos estão estacionados? Como vocês podem se instalar neste local sob o pretexto de proteger os iraquianos e não fazer nada?  Isso não me parece outra coisa a não ser um complô", declarou o chefe da força Qods, encarregada das operações externas do exército de elite do regime, em um discurso pronunciado domingo à noite.

"Para lutar contra o EI, só existe a República Islâmica", acrescentou o general, que participou ativamente da reconquista em março da cidade de Tikrit.

Após a perda de Ramadi, Abadi mudou sua estratégia e convocou as poderosas milícias xiitas dos Hachd al-Chaabi - ou Unidades de Mobilização Popular -, até então afastadas de Al-Anbar para evitar uma tensão com a população majoritariamente sunita da região.

As forças governamentais, reforçadas pelas tribos sunitas e as milícias xiitas, conseguiram retomar nos últimos dias uma parte do território perdido a leste de Ramadi.

Intensos ataques sobre Palmira

Na Síria, a aviação do regime realizou pelo menos 15 ataques nesta segunda-feira na cidade histórica de Palmira e seus arredores, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). "Há pelo menos quatro civis mortos e dezenas de feridos, e é certo que há também mortos entre os jihadistas", declarou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

O EI executou pelo menos 217 pessoas, incluindo 150 soldados, desde que assumiu há nove dias o controle de parte da província síria de Homs, que inclui Palmira, informou o OSDH.

No Líbano, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, anunciou no domingo, pela primeira vez, que o grupo deve combater em toda a Síria ao lado do exército sírio. Ele pediu uma frente unida na região contra o "perigo existencial" que representa o EI.

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