UE e Mercosul avaliam negociação de acordo comercial

Com essa reunião, a UE busca "sair do atoleiro" em que se encontra a negociação
AFP
Publicado em 28/05/2015 às 19:28
Com essa reunião, a UE busca "sair do atoleiro" em que se encontra a negociação Foto: Foto: YOSHIKAZU TSUNO / AFP


Os chanceles dos países membros do Mercosul que negociam um acordo comercial com a União Europeia (UE) se reunirão em junho com a comissária de comércio do bloco, Cecilia Malmstrom, para "avaliar" o estado da negociação e "discutir os próximos passos".

O encontro, que acontecerá à margem da cúpula UE-Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe), será o primeiro em nível ministerial com a comissária de Comércio desde janeiro de 2013.

"Malmstrom convidou os ministros do Mercosul para uma reunião no dia 11 de junho", disse à AFP Daniel Rosario, porta-voz da pasta na Comissão Europeia.

"Será uma possibilidade de trocar pontos de vista em nível ministerial sobre essa importante negociação com todos os membros do Mercosul que participam das discussões", completou.

Com essa reunião, a UE busca "sair do atoleiro" em que se encontra a negociação, afirmou em uma conferência no Parlamento Europeu, Matthias Jorgensen, chefe da unidade de América Latina da direção comercial da Comissão Europeia.

Após uma suspensão de seis anos, a UE e o Mercosul retomaram em 2010 as negociações para fechar um acordo comercial. Pelo Mercosul, negociam Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Venezuela, que entrou no bloco em 2013, não participa.

Mas a negociação do acordo está novamente em suspenso. No ano foi anunciado em várias ocasiões o intercâmbio de ofertas tarifárias, etapa indispensável para todo acordo comercial, mas ele acabou não acontecendo.

"As negociações ficaram em um beco sem saída durante um certo tempo. Estamos vendo se podemos sair", disse Malmstrom em entrevista à AFP em abril. Um mês antes, se referiu às "dificuldades" com o Mercosul nessa negociação.

O discurso não mudou. No Mercosul, a UE destaca que quer saber da oferta do bloco sul-americano antes de apresentar a sua. O bloco europeu, segundo fontes próximas à negociação, diz que quer se certificar de que a proposta do Mercosul é "séria" antes de dar continuidade ao processo.

 

Dimensão econômica

A posição oficial do bloco europeu é que o acordo bilateral tem que refletir a dimensão econômica das duas regiões".

"O Mercosul de hoje não é o mesmo que o de 2004", e o temor em Bruxelas, de acordo com as mesmas fontes, é que a oferta de hoje não seja muito diferente daquela de dez anos atrás.  

Bruxelas espera garantias de que, se for apresentada uma nova oferta, ela seja substancial.

Na reunião de 11 de junho serão analisados os "próximos passos" nessa negociação. Não se fala de nenhuma data para a troca de ofertas.  

"O que sairá (da reunião) será um acordo político, sobre como seguir. O Mercosul disse em julho que sua oferta estava pronta", disseram as fontes consultadas.

Os próximos passos, contudo, parecem complicados, não só pela ambição das ofertas das duas partes mas também pelas discordâncias internas no bloco sul-americano. No passado, a UE questionou quais membros do Mercosul apoiavam a negociação comercial.

Essa pergunta pode ser feita novamente depois que o presidente uruguaio Tabaré Vázquez e a presidente Dilma Rousseff concordaram há uma semana que é necessário reformular o  Mercosul para dar maior flexibilidade comercial a seus sócios. A ideia é permitir as negociações de acordos comerciais extra zona sem a anuência dos demais membros, o que o Tratado de Assunção proíbe.

Diante dessa pergunta, Christian Leffler, diretor para as Américas do serviço diplomático europeu, não descartou a possibilidade de avançar separadamente.

"Nesse momento deveremos analisar a situação e buscar uma solução", disse na videoconferência de Bruxelas com jornalistas na América Latina.

Leffler assegurou que a UE quer "chegar a um acordo com todos os sócios do Mercosul".

"O que nós buscamos é um acordo de associação União Europeia-Mercosul. Esse é o objetivo principal e estamos convencidos que essa seria a melhor solução tanto para os países do Mercosul como para a UE", acrescentou.

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