Ao menos 24 pessoas morreram nas últimas 24 horas no leste da Ucrânia, onde segundo o governo de Kiev os rebeldes pró-russos lançaram uma ofensiva de grande envergadura perto da localidade de Mariinka, a 20 quilômetros de Donetsk.
Segundo o porta-voz dos rebeldes pró-russos, 14 de seus combatentes e cinco civis morreram nas últimas 24 horas, enquanto as autoridades de Kiev informaram que cinco de seus soldados faleceram nos confrontos.
Ante o aumento da violência, o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, denunciou nesta quinta-feira que o processo de paz no leste da Ucrânia pode "explodir em pedaços" pelas ações de Kiev.
O diplomata declarou à agência oficial Interfax que os acordos de paz de Minsk 2, assinados em 12 de fevereiro, "estão permanentemente ameaçados pelas ações lançadas pelas autoridades de Kiev".
Já as autoridades ucranianas acusaram os separatistas pró-russos de terem desencadeado na quarta-feira ao amanhecer uma grande ofensiva com mais de dez carros de combate e mil efetivos contra suas posições em Mariinka.
Os rebeldes negaram estas acusações, mas confirmaram que ocorreram combates perto desta localidade.
Nesta quinta-feira, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, advertiu para a ameaça "gigantesca" de uma retomada em grande escala dos ataques dos separatistas pró-russos no leste do país.
"A ameaça de uma retomada de ações militares de grande envergadura de grupos terroristas russos continua sendo gigantesca", declarou Poroshenko em seu discurso anual no Parlamento, no qual afirmou que mais de 9.000 soldados russos estão atualmente na Ucrânia.
Segundo ele, mais de 50.000 "heróis ucranianos" estão no leste para "defender o país".
Em um documento publicado na quarta-feira, a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) indicou ter observado o "movimento de um grande número de armas pesadas nos territórios controlados pela República Popular de Donetsk, geralmente a oeste da linha de frente, perto de Mariinka, antes e durante os combates".
A OSCE, cuja missão é observar os acontecimentos no leste da Ucrânia, disse que havia visto oito veículos blindados que se dirigiam a oeste, quatro dos quais eram carros, assim como um caminhão militar transportando uma peça de artilharia de calibre de 122 milímetros e uma coluna de infantaria.
A missão, baseada em Donetsk, informou que havia ouvido cem disparos de artilharia, lançados nos arredores de Donetsk entre as 04h40 e as 04h40 locais de quarta-feira, assim como tiros procedentes de lança-foguetes múltiplos Grad.
Segundo a OSCE, os tiros prosseguiram. "A calma voltou ao anoitecer", disse a OSCE.
A União Europeia (UE) denunciou nesta quinta-feira a escalada dos confrontos no leste do país, estimando que se trata da violação mais grave do cessar-fogo alcançado em fevereiro.
"Os violentos combates ao redor da localidade de Mariinka, perto de Donetsk, no leste da Ucrânia, constituem a mais grave violação do cessar-fogo (...) desde fevereiro", declarou uma porta-voz da diplomacia do bloco.
Estes são os confrontos mais importantes ocorridos desde que os rebeldes tomaram o nó ferroviário estratégico de Debaltsev, a meio caminho entre os redutos separatistas de Donetsk e Lugansk, pouco depois da entrada em vigor do cessar-fogo de 15 de fevereiro, fruto dos acordos de paz de Minsk 2.