Mundo vive corrida rumo a um conflito cibernético

A China está sendo acusada por americanos de ter atacado os EUA
MARCOS OLIVEIRA
Publicado em 13/06/2015 às 18:02
A China está sendo acusada por americanos de ter atacado os EUA Foto: AFP


Cidades sem energia, o lixo se acumula nas ruas, semáforos desativados, metrôs e aeroportos sem funcionar. Todo este transtorno típico de filme apocalítico hollywoodiano é possível hoje sem o disparo de uma única arma de fogo, sendo provocado por uma guerra cibernética cada vez mais desenvolvida pelas principais potências. Na primeira semana de junho, mais uma denúncia do uso desta estratégia foi feita por congressistas dos Estados Unidos. 

Mesmo que a infraestrutura do País não tenha sido atacada, os americanos afirmaram que a China é quem está por traz de um ciberataque que comprometeu dados de até 4 milhões de servidores e ex-servidores federais. Os chineses rechaçaram a acusação. São estes dois países mais a Rússia os principais atores deste novo tipo de conflito. 

Diferente da guerra tradicional, onde geralmente existe um grande número de mortes tanto do lado da nação vencedora como da derrotada, além da destruição física e do transtorno psicológico para soldados e cidadãos, na guerra cibernética isso não ocorre diretamente. Terminada a ação, a infraestrutura continua lá e, em muitos casos, a população não percebe que está sendo vítima de um ataque. 

“O fenômeno da guerra cibernética é cercado por tanto sigilo governamental que faz a Guerra Fria parecer uma época de abertura e transparência”, afirma Richard Clarke, no livro Cyber War. Foi por causa dos estudos de Richard que o presidente dos EUA, Barack Obama, criou o “Comando Cibernético”, em Washington, com o intuito de defender os Estados Unidos contra ataques através da internet.

Ele destaca que os EUA vivem uma situação peculiar. Pois é a nação mais desenvolvida em tecnologias, mas que segue sofrendo constantes ataques bem sucedidos.

Em todo mundo, as agressões prosseguem. No ano de 2007, o sistema de defesa aéreo sírio foi neutralizado. Com isto, Israel, que não admite a ação, bombardeou as instalações do reator nuclear em Damasco, capital da Síria. Um ano depois o alvo foi a Geórgia. Os russos enviaram o exército para defender a Ossétia do Sul, região separatista da Geórgia. Mas antes de a Rússia invadir o espaço físico georgiano, foi o setor tecnológico que sofreu a primeira ofensiva. Sites do governo da Geórgia, sistemas das principais instituições financeiras e de empresas de telecomunicações ficaram fora do ar. 

Estudos, como o publicado pelo grupo Kaspersky Lab, apontam a dificuldade de se identificar exatamente a origem dos ataques, pois não são oficialmente perpetrados por órgãos oficiais. Mas por hackers que são acusados de servirem aos governantes. A estratégia das nações, além de tecnologia de ataque, está em investir grandes quantias para tentar conter essas ações. A França iniciou ano passado um plano de defesa ao custo de 1 bilhão. Segundo as autoridades, o país sofreu aproximadamente 800 tentativas de ataques via computadores no ano de 2013. 

Após a ação que capturou dados dos servidores e ex-servidores públicos nos EUA, a Casa Branca pediu ao Congresso medidas para evitar novos ataques. “Precisamos sair do obscurantismo e entrar no século XXI”, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. 


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