Relatório israelense diz que guerra em Gaza foi 'legítima' e que civis não foram alvos

Em 50 dias, quase 2.200 palestinos foram mortos, incluindo mais de 500 crianças, de acordo com a ONU
Da AFP
Publicado em 14/06/2015 às 10:32
Em 50 dias, quase 2.200 palestinos foram mortos, incluindo mais de 500 crianças, de acordo com a ONU Foto: Foto: MAHMUD HAMS / AFP


Um relatório do governo israelense concluiu neste domingo (14) que a guerra na Faixa de Gaza, entre julho e agosto de 2014, foi "legal" e "legítima", indicando que seu exército não teve como alvo nenhum civil.

O conflito em questão deixou cerca de 2.200 mortos entre os palestinos, em sua maioria civis, segundo a ONU.

Este relatório é tornado público pouco antes da publicação de um outro pela Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, que deve tornar pública as suas conclusões sobre o conflito em junho, enquanto os beligerantes se acusam mutuamente de "crimes de guerra".

"A maioria dos fatos que pareciam ser ataques indiscriminados contra civis ou alvos civis eram ataques legítimos contra alvos militares de aparência civil, revelando as operações militares de grupos terroristas", afirma o relatório, enquanto muitas ONGs e organizações internacionais denunciam repetidamente os ataques contra civis, crianças e escolas, incluindo da ONU.

Quanto aos civis mortos, Israel considera se tratar dos "efeitos indiretos infelizes - mas legais - das ações militares legítimas em áreas com população civil e seus arredores".

Nos 50 dias de conflito, o exército realizou ataques contra alvos que constituíam, "com certeza razoável", alvos militares, e "Israel não visou intencionalmente civis ou alvos civis", diz o relatório.

Em 8 de julho de 2014, Israel lançou uma ofensiva aérea e, posteriormente, terrestre, contra a Faixa de Gaza, a fim de interromper o lançamento de foguetes a partir do território palestino.

Em 50 dias, quase 2.200 palestinos foram mortos, incluindo mais de 500 crianças, de acordo com a ONU, enquanto 73 israelenses morreram, incluindo 67 soldados.

Os palestinos rejeitaram o relatório do governo de Israel, declarando que "a decisão israelense de negar ter visado civis em Gaza segue a lógica do que Israel fez na Faixa de Gaza", segundo declarou à AFP Ehab Bseiso, porta-voz do governo de união palestino.

Deste modo, "o relatório publicado neste domingo não muda em nada a nossa posição que é de cobrar uma investigação internacional".

Os palestinos acionaram o Tribunal Penal Internacional (TPI), denunciando "crimes de guerra" cometidos pelo exército israelense em Gaza. O tribunal decidiu em janeiro por uma análise preliminar para "determinar se exite fundamento razoável" para abrir uma investigação.

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