Grécia pode pedir novo resgate, mas condições seriam as mesmas

As últimas exigências dos credores para liberarem dinheiro para Atenas incluem, por exemplo, mudanças no imposto cobrado em produtos e serviços
Da ABr
Publicado em 29/06/2015 às 14:03
As últimas exigências dos credores para liberarem dinheiro para Atenas incluem, por exemplo, mudanças no imposto cobrado em produtos e serviços Foto: Foto: ARIS MESSINIS / AFP


A Grécia pode pedir um terceiro programa de resgate à União Europeia após expirar o atual nesta terça-feira (30). As condições dos credores para emprestar dinheiro aos gregos seriam semelhantes, segundo fontes consultadas pela Agência Lusa.

Amanhã (30) termina a extensão do atual programa de resgate da Grécia, depois do Eurogrupo não ter aceitado um novo adiamento. O governo de Alexis Tsipras decidiu levar a referendo a última proposta dos credores, questionando os eleitores gregos se aceitam as condições das instituições europeias e do Fundo Monetário Internacional.

Com o fim do programa e sem acordo quanto as reformas a serem executadas pela Grécia, fontes disseram que estão encerradas "todas as facilidades associadas", ou seja, a possibilidade de Atenas receber a última parcela do programa de resgate, de 7,2 bilhões de euros, dos 10 bilhões de euros do fundo de capitalização e dos dividendos que o Banco Central Europeu fez com a dívida pública grega.

A maneira para receber ajuda financeira dos credores oficiais, disseram as mesmas fontes, é o governo da Grécia pedir um novo programa de assistência financeira, a que se associam – como nos anteriores – a condicionalidades por parte dos credores para emprestar dinheiro. No entanto, esse novo pacote de ajuda financeira seria baseado "em linhas gerais" na proposta atual dos credores.

As últimas exigências dos credores para liberarem dinheiro para Atenas incluem, por exemplo, mudanças no imposto cobrado em produtos e serviços, alterações nas regras das pensões, o fim gradual das reformas antecipadas e o aumento da idade para aposentadoria.

O tema das pensões foi o que mais criou tensão entre os credores e Atenas. Hoje (29), em Bruxelas, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, garantiu que os credores nunca pediram cortes nas pensões.

O problema neste caso está basicamente no chamado Ekas, benefício pago a pensionistas, que os credores não consideram uma pensão de reforma porque não depende completamente dos descontos feitos. Elese querem que o governo grego acabe com o Ekas uma vez que o consideram "a maior distorção" do sistema de pensões grego.

Caso Atenas peça um novo pacote de ajuda financeira – o que deverá acontecer se o sim vencer na consulta popular de domingo (5) – ainda é difícil avaliar quanto tempo demoraria até esse novo programa entrar em vigor. Isso dependeria das negociações com os credores quanto às medidas a serem executadas em troca do dinheiro a receber e também de alguns procedimentos, como a aprovação desse terceiro resgate em alguns parlamentos nacionais.

Nas negociações entre Atenas e os credores outro ponto divergente é a elevada dívida pública grega. Ela representa 180% do Produto Interno Bruto, quase o dobro da riqueza produzida pela Grécia e para a qual o governo, com base política garantida praticamente pelo partido de esquerda Syriza, tem reivindicado algum tipo de reestruturação.

Fontes da Agência Lusa disseram que os credores informaram ao governo grego que estariam disponíveis para discutir um alívio, mas só a partir da negociação de um novo resgate ao país.

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