Os construtores que fizeram o túnel usado para a fuga do traficante Joaquín "El Chapo" Guzmán precisaram retirar 531 caçambas de entulho durante a escavação, segundo a construtora mexicana Arquipromotora.
O volume de terra retirado, de 2.562 m³, mostra a magnitude da obra, que teria levado um ano. "El Chapo" usou o túnel para deixar a prisão de segurança máxima de Altiplano, em Toluca, no último sábado (11). Para fazer o cálculo, a Arquipromotora levou em consideração as dimensões da rota de fuga divulgadas pela polícia: 1.500 m de comprimento, 1,7 metro de altura e 80 cm de largura.
Em seguida, foi incluído um fator de correção de 1,3, devido à diferença do espaço ocupado pelo material compacto e em entulho. Considerando o padrão brasileiro de caçambas, de 5 m³, foram retirados 531 recipientes. Segundo as autoridades, foram cavados em média três metros diários de túnel para que se pudesse ir do terreno comprado pelos traficantes, no bairro de Santa Juanita, até a penitenciária de Altiplano.
No local onde começou a construção, foram feitos uma casa de dois quartos e um barracão de 108 m² onde ficava a saída do túnel. A retirada do entulho foi facilitada por trilhos por onde percorria um carrinho acoplado a uma moto. No dia da fuga, "El Chapo" deixou a prisão por um buraco no box do banheiro. Ao chegar ao barracão, pôde tomar banho e escolher entre duas roupas -uma de vaqueiro e outra esporte- para continuar a escapar.
No domingo (12), circularam informações nas redes sociais de que haveria uma missa em homenagem à fuga em Culiacán, em Sinaloa, reduto do cartel liderado por "El Chapo". A informação foi desmentida pela diocese da região.
INVESTIGAÇÕES
As autoridades mexicanas emitiram um alerta internacional e continuam a procurar pistas que levem ao traficante. Ele, que havia sido preso em fevereiro de 2014, conseguiu escapar da prisão pela segunda vez.
A primeira havia sido em 2001, quando fugiu de uma penitenciária no Estado de Jalisco dentro de um carrinho da lavanderia. Na época, ele pagou cerca de US$ 2,5 milhões aos funcionários que facilitaram sua saída.
No caso do último sábado (11), a polícia prendeu 31 funcionários da prisão. Dentre eles, está o diretor do centro de custódia, Valentín Cárdenas Lerma, os responsáveis pelas câmeras, agentes penitenciários e enfermeiros.
Todos os visitantes do último ano também serão investigados. Ativistas e opositores ao governo criticam a versão oficial e a falta de transparência nos 16 meses em que "El Chapo" Guzmán ficou preso em El Altiplano.
Para liderar as investigações, o presidente Enrique Peña Nieto chamou o secretário de Governo, Miguel Ángel Osorio Chong. Ele acompanhava o mandatário em uma visita à França que não foi cancelada devido à fuga.
Em Paris, Peña Nieto considerou a saída de "El Chapo" Guzmán uma afronta ao Estado. "Confio que as instituições do Estado mexicano estejam a altura, com a fortaleza e a determinação, para recapturar este criminoso".