Todos os ministros que participam das negociações sobre o programa nuclear iraniano trabalhavam ativamente nesta segunda-feira para superar os últimos obstáculos a um acordo histórico, mas as possibilidades de alcançá-lo durante o dia se revelavam limitadas.
As negociações registraram avanços reais, mas pontos de divergência persistem, declarou a Casa Branca nesta segunda-feira (13), dando a entender que podem se prolongar.
"Houve avanços reais (...) mas ainda há pontos de desacordo que não estão resolvidos", reconheceu o porta-voz da Presidência dos EUA, Josh Earnest, acrescentando que, "se as conversas continuarem sendo úteis, a equipe de negociadores permanecerá em Viena".
Enquanto o Irã e as grandes potências negociavam contra o tempo em Viena para finalizá-lo, mais cedo, uma fonte chinesa havia apontado que Pequim considerava que já existem as condições para um bom pacto.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, deve se dirigir à nação na televisão pública, quando o acordo for concluído.
Seu enviado em Viena, o chanceler Mohamad Javad Zarif, disse hoje que o Irã negociará "tanto quanto for necessário para terminar o trabalho".
"Todos trabalham para alcançar um 'sim' hoje, mas ainda é preciso vontade política", escreveu no Twitter o diplomata iraniano Alireza Miryusefi, presente na capital austríaca.
"Não posso prometer nada para esta noite, ou amanhã à noite", havia declarado pouco antes Abbas Araghchi, um dos principais negociadores iranianos, enquanto outro diplomata falava de obstáculos importantes ainda no caminho, antes da expiração de um novo prazo à meia-noite desta segunda (19h de Brasília).
Uma fonte iraniana disse à AFP em Viena nesta segunda-feira que as possibilidades de que um acordo seja fechado ainda hoje são pequenas.
Para a China, no entanto, "já se dão" as condições para permitir um bom acordo, e "não pode e não devem ocorrer novos atrasos", nas palavras do ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, ao chegar nesta segunda-feira ao Palácio de Coburg.
É lá que as negociações acontecem há 17 dias.
O grupo P5+1 (formado por Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França, além da Alemanha) tenta fechar com o Irã um acordo em um tema que provoca tensões nas relações internacionais há mais de 12 anos.
Perto do topo
Todas as partes concordam em que, passo a passo, importantes avanços foram alcançados.
"Percorremos um longo caminho. Precisamos alcançar o topo e estamos muito próximos. Estamos tão próximos que temos a impressão de que já chegamos lá, mas, quando chegamos lá, sabemos que ainda há alguns passos a serem dados", declarou no domingo o presidente Rohani, em Teerã.
Iniciadas em setembro de 2013, as negociações entraram em sua fase final em 27 de junho com o objetivo inicial de selar um acordo em três dias. O prazo de 30 de junho já foi adiado três vezes, sendo o último deles até esta segunda-feira, 13 de julho.
Como um sinal de que o fim das discussões está próximo, o ministro iraniano do Interior pediu que as autoridades locais preparem um cenário de comemoração nas ruas. A população, que elegeu Hassan Rohani em 2013 com a promessa de conseguir a suspensão das sanções, espera uma melhora de suas condições de vida, caso um acordo seja assinado.
Essa rodada de negociações internacionais é uma das mais longas, em nível ministerial e em apenas um lugar, depois da que levou aos acordos de Dayton (EUA) após a guerra da Bósnia-Herzegovina em 1995.
Em abril, os negociadores entraram em acordo em Lausanne (Suíça) sobre as linhas gerais de um texto, que incluía a diminuição do número de centrífugas e das reservas de urânio enriquecido de Teerã. Na prática, isso impossibilita a fabricação de uma bomba atômica em curto prazo.