O Zimbábue exigiu nesta sexta-feira (31) a extradição do caçador norte-americano que matou, no início de julho, o leão Cecil, estrela da reserva natural de Hwange.
Cecil, macho dominante do parque, era conhecido pela incomum juba preta e era objeto de pesquisa científica sobre a longevidade dos leões da universidade britânica de Oxford, que equipou o bicho com uma coleira.
O dentista norte-americano Walter Palmer, que matou o leão mais famoso do Zimbábue, disse que foi enganado por seus guias locais e que acreditava estar caçando dentro da lei.
"Pedimos às autoridades competentes sua extradição ao Zimbábue, para que possa ser julgado pelas infrações que cometeu", declarou a ministra do Meio Ambiente do Zimbábue, Oppah Muchinguri.
A ministra lamentou que Palmer não tenha podido ser detido em território zimbabuano, pois quando o escândalo veio à tona, o americano "já havia tomado o rumo de seu país natal".
No entanto, é pouco provável que a ação seja bem-sucedida.
Embora exista um tratado de extradição entre os dois países, o porta-voz adjunto do departamento de Estado norte-americano, Mark Toner, explicou que a demanda deveria ser apresentada diante de um tribunal nos Estados Unidos.
"É o secretário de Estado que toma a decisão final de extraditar ou não uma pessoa", informou Toner, que disse que é levado em conta "a questão humanitária e a possibilidade da pessoa ter um julgamento justo".
A ministra chegou a acusar o caçador norte-americano de querer "danificar a imagem do Zimbábue e deteriorar ainda mais a relação entre o país e os Estados Unidos".
Lei CECIL
O caçador profissional Theo Bronkhorst afirmou nesta sexta-feira (31) à AFP que não fez nada de errado ao acompanhar o americano Walter Palmer durante a caçada que acabou na morte do leão Cecil, símbolo do Zimbábue.
"Não acho que faltei com nenhum de meus deveres. Fui contratado por um cliente para organizar uma caçada para ele e disparamos contra um leão macho velho, que, para mim, superou sua idade reprodutiva, e acho que não fiz nada de ruim", declarou.
O tribunal de Hwange, competente para julgar o caso, apresentou acusações contra o operador do safári de caça Theo Bronkhorts, que antes era conhecido por sua profissionalidade.
Bronkhorts foi acusado por "não ter impedido uma caça ilegal" e foi colocado em liberdade vigiada antes do início do julgamento, em 5 de agosto.
Honest Ndlovu, o proprietário da fazenda onde o leão foi caçado, provavelmente será acusado na próxima semana.
O caçador americano, alvo dos militantes da causa animal em seu país, defendeu sua boa fé e manifestou seu arrependimento em um comunicado divulgado na terça-feira, sem dar sua versão dos fatos.
Segundo uma ONG do Zimbábue, o leão teria sido atraído para fora da reserva de Hwange, depois caçado, ferido com uma flecha e finalmente morto após ficar 40 horas encurralado.
Nos Estados Unidos, o senador Robert Menéndez não demorou a reagir. O democrata apresentou nesta sexta-feira um projeto de lei que proibiria o tipo de caça que resultou na morte de Cecil.
O texto, denominado CECIL (siglas em inglês de "Conservar os Ecossistemas Cessando a Importação de Animais") ampliaria as restrições à importação e exportação de espécies em perigo, uma lei que data de 1973.
A extensão da norma incluiria os animais que, embora não estejam catalogados como ameaçados, tenham aparecido em propostas de classificação de risco.