Borboletas britânicas estão ameaçadas por mudanças climáticas

Em nenhum lugar do mundo as borboletas foram tão estudadas como na Grã-Bretanha pelo último século
Da AFP
Publicado em 10/08/2015 às 16:25
Em nenhum lugar do mundo as borboletas foram tão estudadas como na Grã-Bretanha pelo último século Foto: Foto: JIM ASHER / NATURE / AFP


Esforços para conter as mudanças climáticas juntamente com medidas adotadas no interior da Grã Bretanha são as únicas possibilidades que podem salvar certas espécies de borboletas que, caso contrário, desaparecerão nas próximas décadas.

A revista Nature Climate Change publicou nesta segunda-feira (10) um estudo segundo o qual "a extinção das borboletas sensíveis à seca poderia ocorrer antes de 2050". 

Se a emissão de gases do efeito estufa continuar da forma atual, as chances de que certas espécies nativas das ilhas britânicas sobrevivam são "em torno de zero", conclui o estudo.

Proteger áreas selvagens e principalmente evitar a fragmentação de seus hábitats naturais dará a essas frágeis criaturas a possibilidade de sobreviver.

Essas medidas, combinadas com a limitação de 2º C do aquecimento do planeta, aumentará as probabilidades de sobrevivência a 50%, disseram os pesquisadores.

A meta de dois graus em relação à temperatura na era pré-industrial foi adotado pelos 195 membros da ONU que vão negociar no fim do ano, em Paris, um novo pacto global para salvar o planeta.

Em nenhum lugar do mundo as borboletas foram tão estudadas como na Grã-Bretanha pelo último século.

Um grupo de cientistas liderado por Tom Oliver, do Centro de Ecologia e Hidrologia de Oxfordshire, examinou dados coletados em 129 lugares para observar como 28 espécies respondiam às severas secas de 1995.

Os pesquisadores suspeitam que secas ocasionais e isoladas foram tão devastadoras para algumas espécies quanto o aumento gradual na temperatura global.

Enquanto a seca de 1995 foi a pior já registrada, episódios semelhantes se tornarão mais frequentes na medida em que avançam as mudanças climáticas.

Mais de um quinto das espécies, segundo o estudo, perderam grande parte da população durante o período.

Foi descoberta uma ligação direta entre a paisagem e resiliência: quando mais fragmentado o hábitat, mais tempo demoram as espécies a se recuperar.

"Os conservacionistas reconhecem cada vez mais a importância de reduzir a fragmentação dos hábitats naturais em vez de se contentar com administrar 'ilhas' protegidas em meio a ambientes hostis de intensa agricultura", disse Oliver à AFP.

As borboletas de outros países com alto grau de industrialização agrícola que também sofrem com as mudanças climáticas podem estar igualmente em perigo.

Em áreas "que são mais quentes e secas, o impacto pode ser muito mais severo", explicou.

A extensão das conclusões vão além da beleza das borboletas e seu valor em termos de biodiversidade. São muitas vezes utilizadas como um indicador do destino dos outros tipos de insectos.

Se as secas agravadas pelas mudanças climáticas tiverem um impacto similar em espécies como abelhas, libélulas e besouros, constatou Oliver, uma parte importante da nossa biodiversidade poderia ser ameaçada.

"Muitas dessas espécies provém funções essenciais para a vida humana, como a polinização, eliminação de pragas e decomposição de resíduos", prosseguiu.

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