Grupo de extrema-esquerda reivindica ataque contra consulado dos EUA na Turquia

Essa onda de ataques ocorre num contexto de tensão crescente na Turquia, com a intensificação dos ataques do governo contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK)
Da AFP
Publicado em 10/08/2015 às 15:20
Essa onda de ataques ocorre num contexto de tensão crescente na Turquia, com a intensificação dos ataques do governo contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) Foto: Foto: OZAN KOSE / AFP


Um grupo de extrema-esquerda reivindicou um atentado nesta segunda-feira (10) contra o consulado dos Estados Unidos em Istambul, enquanto dois outros ataques na capital econômica da Turquia, que deixaram seis mortos entre as forças de segurança, foram atribuídos aos separatistas curdos.

Essa onda de ataques ocorre num contexto de tensão crescente na Turquia, com a intensificação dos ataques do governo contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e num momento em que os Estados Unidos mobilizaram caças F-16 em território turco para lutar contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

Em Istambul, pouco após a meia-noite, um homem avançou com um carro-bomba contra uma delegacia no distrito de Sultanbeyli, na margem oriental da cidade. Dez pessoas ficaram feridas, incluindo três agentes, segundo a agência oficial de notícias Anatolia.

Confrontos com a polícia foram registrados durante toda a noite.

Além do suicida, dois militantes morreram nos confrontos, segundo o gabinete do governador.

Beyazit Ceken, chefe do departamento de explosivos da polícia, foi ferido e acabou morrendo no hospital, segundo a mesma fonte.

Ao mesmo tempo, duas mulheres abriram fogo nas primeiras horas do dia contra o consulado dos Estados Unidos, localizado no bairro de Istinye, na margem ocidental do Bósforo, relataram os canais CNN-Turk e NTV.

Uma das militantes, ferida, foi detida pela polícia, segundo o gabinete do governador. Ela foi identificada como Hatice Asik, pertencente ao DHKP-C (Partido/Fronte Revolucionária de Libertação do Povo), de acordo com a agência Anatolie.

O DHKP-C confirmou sua identidade em seu site e prometeu "que a luta continuará até que o imperialismo e seus colaboradores deixem nosso país e que cada pedacinho de nosso território seja libertado das bases americanas", afirmou.

Este grupo radical havia reivindicado em 2013 um atentado suicida contra a embaixada americana em Ancara que fez um morto.

Segundo a imprensa turca, Hatice Asik, de 51 anos, foi libertada em 8 de julho de uma prisão de Istambul, à espera de julgamento. Ela havia sido presa por abrigar dois militantes de sua organização antes de atacarem um posto da polícia há três anos.

O consulado confirmou um "incidente de segurança" e anunciou que permanecerá fechado ao público até nova ordem.

O governo turco apontou um grupo radical marxista como responsável pelo ataque contra o consulado americano e o PKK de estar por trás do atentado contra a delegacia.

Quase 400 rebeldes curdos mortos pela Turquia

Neste contexto de extrema tensão, na região sudeste do país, quatro policiais morreram na explosão de uma bomba em uma estrada, um ataque igualmente atribuído aos separatistas curdos.

O atentado ocorreu no distrito de Silopi, na província de Sirnak, na fronteira com o Iraque e a Síria, segundo a agência de notícias Dogan.

Em outro incidente, um soldado turco morreu quando milicianos curdos atacaram com lança-foguetes um helicóptero militar no distrito de Beytussebap, segundo Dogan.

A Turquia está sob tensão desde 24 de julho, quando o governo declarou uma "guerra contra o terrorismo", que tem como alvos tanto os rebeldes curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) como os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria.

Mas os vários ataques aéreos posteriores ao anúncio se concentraram na guerrilha curda. Oficialmente aconteceram apenas três bombardeios contra o EI.

De acordo com a agência estatal de notícias Anatolia, 390 combatentes do PKK morreram e 400 outros foram feridos na campanha de ataques aéreos realizada pela Turquia contra bases rebeldes no norte do Iraque.

Por sua vez, o PKK reivindicou a morte de mais de 20 policiais na Turquia nas últimas duas semanas, como represália aos ataques aéreos.

Um líder do PKK, Cemil Bayik, afirmou nesta segunda-feira à BBC que a Turquia estava tentando proteger o Estado Islâmico ao combater seu inimigo jurado, o PKK.

"Eles fazem isso para enfraquecer a luta do PKK contra o EI. A Turquia protege o grupo EI", declarou.

A violência ocorre depois de os Estados Unidos mobilizarem pela primeira vez no domingo caças F-16 e um contingente de 300 militares na base de Incirlik, no sul da Turquia, para lutar contra o EI.

Membro da Otan, a Turquia se recusava a participar nas operações da coalizão contra o EI, por medo de incentivar a ação de curdos sírios que combatem os jihadistas perto de sua fronteira.


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