Pela primeira vez, os Estados Unidos podem aceitar sem reações uma condenação da ONU (Organização das Nações Unidas) ao embargo comercial contra Cuba.
Segundo autoridades americanas, o governo do presidente Barack Obama está avaliando abster-se na votação da Assembleia Geral da ONU em outubro sobre uma resolução que exige a suspensão do embargo. Há 23 anos, Cuba apresenta anualmente ao organismo internacional uma resolução contra o bloqueio.
A votação não tem efeitos legais práticos, mas contribui para a percepção da comunidade internacional de que as medidas dos EUA para isolar o país latino-americano são ilegítimas.
A decisão de se abster ainda não foi tomada, ressaltaram quatro autoridades que falaram à Associated Press (AP) sob condição de anonimato. O gesto seria inédito, não havendo registros de membros da ONU que tenham aceitado resoluções críticas a suas próprias medidas.
Desde que anunciou, em dezembro, o processo de reaproximação diplomática com Cuba, Obama tem pedido ao Congresso dos EUA que suspenda o embargo econômico e financeiro imposto contra a ilha em 1961.
A abstenção na votação da ONU aumentaria a pressão sobre o Legislativo, controlado pela oposição republicana, a qual já se declarou contrária ao fim do bloqueio ao regime socialista.
No mais recente gesto de reaproximação, a Casa Branca anunciou na sexta-feira (18), após um telefonema entre Obama e o ditador cubano, Raúl Castro, a remoção de restrições ao comércio bilateral com Cuba e às viagens de americanos para o país, dentre outras medidas.
Em 20 de julho, foram restabelecidas as relações diplomáticas entre os dois países após mais de 50 anos de isolamento.
A reaproximação diplomática liderada por Obama e Castro contou com a intermediação do papa Francisco, que está visitando Cuba e deve viajar aos EUA nesta terça-feira (22).