O presidente chinês Xi Jinping pediu mais confiança e menos suspeitas na relação bilateral com os Estados Unidos, antes de um encontro na sexta-feira (25) com o presidente Barack Obama na Casa Branca.
O primeiro discurso de Xi depois de desembarcar nos Estados Unidos, terça-feira (22) em Seattle, para uma plateia de empresários, aconteceu no momento em que um grupo de empresas chinesas assinou um acordo com a americana Boeing para a compra de 300 aviões, segundo a agência estatal chinesa Xinhua, que não especificou modelos nem citou o valor da operação.
Além disso, a estatal Corporação de Aviação Comercial da China assinou um acordo com a Boeing para abrir no país asiático um centro dedicado a seu avião de médio alcance B737, segundo a agência.
Xi insistiu que Pequim não deseja um conflito com os Estados Unidos, apesar das tensões entre os dois países em várias áreas.
"Queremos ver um melhor entendimento e confiança, e menos distanciamento e suspeitas", afirmou Xi, enfatizando a necessidade de uma compreensão maior das intenções estratégicas mútua.
"Se entrássemos em um conflito ou confrontação, isto levaria ao desastre para os dois países e, consequentemente, para o mundo", completou.
Xi Jinping foi apresentado ao auditório pelo ex-secretário de Estado Henry Kissinger, idealizador da aproximação entre Washington e Pequim em 1971, e que chamou o presidente chinês de homem capaz de levar a relação a um novo nível.
Preocupações legítimas
Xi, que deve abordar temas atuais com Obama, como a crescente presença de Pequim no Mar da China Meridional, os ciberataques e as acusações de práticas comerciais desleais contra investidores americanos, tentou tranquilizar os empresários, ao destacar que a China é uma força positiva na economia global e está avançando nas reformas.
Prometeu um tratamento justo na China aos investidores americanos e o combate ao crime cibernético.
"Abordaremos as preocupações legítimas dos investidores estrangeiros", disse.
"Respeitamos as normas empresariais internacionais de não discriminação", completou, para uma plateia que incluía diretores de empresas como Boeing, Amazon, DuPont, IBM ou Microsoft, todas com fortes negócios na China.
Ao falar sobre a pirataria, disse que a China é "uma ardorosa defensora da cibersegurança", antes de acrescentar que o país está pronto para estabelecer um "mecanismo conjunto de diálogo de alto nível" com os Estados Unidos para combater o problema.
"O governo chinês não se envolverá em nenhum roubo comercial de nenhum tipo, nem estimulará ou respaldará tentativas deste tipo", completou.
Também sugeriu que as ameaças de aplicar sanções contra funcionários chineses por suposta pirataria virtual estão fora de propósito, pois o cibercrime deve ser perseguido "de acordo com a lei".
Economia sob pressão
Xi enfatizou que a desaceleração da economia chinesa é temporária.
"Atualmente todas as economias enfrentam dificuldades e nossa economia também está sob pressão", disse.
"Mas o mercado de valores chinês alcançou uma fase na qual se recupera e ajusta por si mesmo".
Ele também garantiu que o país não vai desvalorizar o yuan para sustentar as exportações chinesas.
"Somos contrários à desvalorização competitiva ou uma guerra cambial. Não vamos reduzir a taxa de câmbio do yuan para sustentar as exportações", completou.
Xi, que morou nos Estados Unidos há várias décadas, passará dois dias em Seattle, onde se reunirá com governadores de estados que mantêm um intercâmbio comercial ou investimentos fortes na China, assim como executivos de empresas. Ele visitará as sedes da Boeing e da Microsoft, assim como uma escola Seattle.
Com os encontros, ele pretende demonstrar que é um interlocutor comercial sério, além de enviar a Washington a mensagem de que as empresas americanas precisam da China.
Xi citou a luta contra a corrupção de seu governo e apontou diretamente aos Estados Unidos por permitir que chineses procurados por este delito se escondam em seu território. Pediu a cooperação de Washington "para que se recuse a dar abrito no exterior aos elementos corruptos".
Direitos humanos
O tema dos direitos humanos também está presente, especialmente por um projeto de lei que restringe de maneira severa as atividades de ONGs estrangeiras no país.
"Enquanto as atividades forem benéficas para o povo chinês, não limitaremos nem proibiremos suas operações", disse, antes de enfatizar que tais organizações devem obedecer as leis do país.
A conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice, recebeu na terça-feira na Casa Branca representantes de universidades, empresas e grupos de direitos humanos preocupados com o projeto.
"O projeto de lei tornaria mais estreito o espaço para a sociedade civil na China", afirmou a Casa Branca em um comunicado.