O primeiro-ministro britânico, David Cameron, lançou nesta segunda-feira (19) uma série de medidas para combater o recrutamento de jovens pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI). As medidas já tinham sido prometidas em julho, após vários jovens britânicos partirem para o Oriente Médio para lutar ao lado da organização que pretende fundar um califado no Norte da Síria e do Iraque.
O pacote de medidas prevê, entre outras ações, uma maior facilidade para que os pais possam solicitar o bloqueio do passaporte dos filhos, principalmente dos que tiverem entre 16 e 17 anos. Também deverá haver uma criminalização de atividades extremistas com crianças ou pessoas vulneráveis. O nome dos fundamentalistas que recrutam jovens será incluído em um registro público similar ao já utilizado para pedófilos. As medidas estão dentro da nova "Estratégia de Contraterrorismo", apresentada pelo premiê em sua página oficial no Facebook e pela ministra do Interior, Theresa May.
No texto, Cameron destacou que os métodos "subversivos, organizados e sofisticados" usados por extremistas islâmicos "ameaçam" não só a segurança do país, mas também a sociedade. O premiê, porém, teve o cuidado de destacar que os extremistas não representam o Islã e que a sociedade britânica deve apoiar os muçulmanos e as pessoas que combatem qualquer forma de terrorismo.
Além da prevenção de recrutamento de jovens, a nova política antiterrorismo prevê o fechamento de mesquitas que promovam encontros radicais e sanções a grupos de comunicação que transmitam conteúdos extremistas. Cameron disse ainda que poderá haver inspeções em qualquer tipo de entidade educacional infantil e juvenil.
A nova estratégia foi anunciada enquanto o governo rascunha dois novos textos legislativos: um sobre poderes de investigação que amplia a autorização para mecanismos de vigilância e outro sobre medidas antiterroristas.
O parlamentar Andy Burnham disse que os trabalhistas poderão apoiar a nova legislação caso seja "razoável e proporcional", sem causar problemas nos direitos igualitários. Ele ainda alertou Cameron para que suas medidas não criem "ressentimentos, divisões ou sentimentos de vitimização", especialmente entre os britânicos muçulmanos.
Paralelamente a estas medidas, Londres iniciará uma caçada a infiltrações extremistas em organismos públicos. De acordo com Theresa May, será feito um relatório sobre atividades de diversas instituições, como escolas, universidades e departamentos de polícia para evitar a presença de extremistas islâmicos. Em fevereiro, três jovens britânicas fugiram de casa e embarcaram para Istambul para se unirem às fileiras do EI.
Especialistas avaliam que cerca de 50 mulheres já deixaram a Grã-Bretanha para integrar o Estado Islâmico. Entre os homens, o número pula para 600. Em junho, um britânico de 17 anos se tornou o homem-bomba mais jovem do país após cometer um atentado dentro de um carro no Norte do Iraque. Emissoras locais mostraram imagens do ataque.
Acredita-se que ele seja Talha Asmal, que deixou West Yorkshire em março para lutar com o EI. Um dos principais executores do grupo, conhecido como jihadista John e que aparece em diversos vídeos de execuções e decapitações, também é originário da Inglaterra.