Primeiro-ministro alerta para risco de ataque químico ou biológico na França

Na quarta (18), o governo apresentou ao Parlamento a proposta de estender o estado de emergência, originalmente de 12 dias, para 3 meses
Da Folhapress e ABr
Publicado em 19/11/2015 às 7:33
Na quarta (18), o governo apresentou ao Parlamento a proposta de estender o estado de emergência, originalmente de 12 dias, para 3 meses Foto: Foto: AFP


O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, alertou nesta quinta-feira (19) que o país está sob o risco de ataques com armas químicas e biológicas, quase uma semana após extremistas armados com fuzis e explosivos matarem 129 pessoas em Paris.

"Nós não podemos descartar nada. Eu digo isso com todo o cuidado necessário. Mas nós sabemos e temos em mente que existe um risco de armas químicas ou bacteriológicas", disse Valls, pedindo que o Parlamento aprove a extensão do estado de emergência que está em vigor desde os ataques na capital.

"A imaginação macabra dos mentores [do ataque] é ilimitada", ele acrescentou. "O terrorismo atingiu a França não por causa do que ela faz na Síria e no Iraque (...) mas pelo que ela é", afirmou o premiê.

Na quarta-feira (18), o governo apresentou formalmente ao Parlamento a proposta de estender o estado de emergência, originalmente de 12 dias, para 3 meses. Caso a medida seja aprovada, autoridades terão permissão para proibir "qualquer associação ou encontro", incluindo mesquitas e grupos comunitários.

Ao defender a proposta, Valls disse que "a segurança é a primeira das liberdades", e anunciou a criação de uma estrutura para conter jovens radicalizados. A extensão do estado de emergência deve ser debatida e votada pelos deputados nesta quinta, e pelos senadores na sexta (20).

AINTITERRORISMO

A polícia francesa anunciou nesta quarta (18) ter evitado um novo ataque terrorista, após fazer uma megaoperação de segurança ao norte de Paris contra uma célula radical. Segundo a Promotoria de Paris, é possível que suspeitos de envolvimento com os ataques de sexta-feira passada (13), incluindo seu mentor, o belga Abdelhamid Abaaoud, estejam entre os dois mortos na operação. As autoridades aguardam a análise dos corpos para identificar os mortos.

A Bélgica, país europeu que produz o maior número de radicais islamitas em proporção à sua população, deve investir 400 milhões de euros adicionais (R$ 1,6 bilhão) para combater o extremismo, anunciou nesta quinta-feira o primeiro-ministro Charles Michel.

A polícia belga lançou nesta quinta-feira seis operações em Bruxelas, inclusive no subúrbio muçulmano de Molenbeek, alvo de operações anteriores.

Segundo apurou a Associated Press, as autoridades belgas procuram pessoas relacionadas a Bilal Hadfi, um dos homens-bomba que se detonaram próximo ao Stade de France, em Paris, na semana passada.

EUROPA

O diretor da Europol, Rob Wainwright, advertiu nesta quarta, em Bruxelas, que é “provável” que haja novos atentados na Europa, que assistiu na última sexta em Paris a um ataque sem precedentes, e enfrenta hoje “a maior ameaça terrorista” dos últimos dez anos.

“Vamos ser muito claros sobre o significado do que aconteceu em Paris na última sexta-feira à noite: a meu ver, representa uma escalada muito séria na ameaça terrorista que enfrentamos na Europa. É a primeira vez que testemunhamos na região um ataque ao estilo de Bombaim, com tiroteios indiscriminados em locais públicos, combinados com homens-bomba”, disse Wainwright.

Ao falar à Comissão de Liberdades Civis, Justiça e Assuntos Internos do Parlamento Europeu, o diretor do Serviço Europeu de Polícia observou que o que se passou em Paris “é algo que as autoridades europeias receavam desde o ataque em Bombaim, em 2008”.

“A realidade do que ocorreu em Bombaim aconteceu agora na Europa”, afirmou, referindo-se aos dez atentados sincronizados que atingiram a capital financeira da Índia em novembro de 2008, fazendo 195 mortos.

Considerando que os ataques de Paris, que deixaram 129 mortos, são também a prova da firme intenção do autoproclamado Estado Islâmico de “exportar a sua marca de terrorismo para a Europa”, o diretor voltou a chamar a atenção para “a forma mais sofisticada e ameaçadora de terrorismo” que representa essa organização de radicais islâmicos.

“Estamos a lidar com uma organização terrorista com muitos recursos e muito determinada, que está agora ativa nas ruas da Europa. É por isso razoável assumir, e sem exageros, que mais ataques são prováveis, e penso que esta é a maior ameaça terrorista que a Europa enfrenta nos últimos dez anos”, acrescentou.

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