Estrelas de cinema como Robert Redford e Arnold Schwarzenegger se uniram nesta sexta-feira (4) a mil prefeitos para aumentar a pressão sobre os negociadores de 195 países que buscam um acordo sobre o clima, ameaçado por divergências entre ricos e pobres.
Várias ONGs presentes em Le Bourget, ao norte da capital francesa, alertavam igualmente sobre o risco de uma redução drástica das ambições da luta contra o aquecimento global, com a lembrança ainda viva do fracasso da última grande tentativa de acordo, em Copenhague em 2009.
O próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, resolveu intervir e a partir de Nova York convocou os países industrializados, principais causadores históricos das emissões de efeito estufa, a manter suas promessas, para constituir um fundo de 100 bilhões de dólares anuais a partir de 2020 para apoiar os esforços de adaptação dos países pobres.
"Sigo pedindo aos países desenvolvidos que reconheçam a responsabilidade que lhes cabe", disse Ban.
Os negociadores têm até sábado (5) para entregar um projeto o mais limpo possível aos ministros de Energia ou Meio Ambiente, que a partir de segunda-feira (7) discutirão, com a esperança de alcançar durante a semana um acordo histórico, capaz de conter o aumento das temperaturas abaixo dos 2ºC em relação à era pré-industrial.
Cidades na linha de frente
O presidente francês, François Hollande, recebeu na prefeitura de Paris mil prefeitos e governadores de todo o mundo, na linha de frente na luta contra os efeitos do aquecimento do planeta.
Esta cúpula de instâncias locais, organizada pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e pelo ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, prepara uma declaração que colocará em destaque "o papel das cidades na luta contra as mudanças climáticas".
Também participam do evento personalidades da sociedade civil e do mundo do espetáculo conhecidas por seus compromissos com as causas ecológicas, como os atores Robert Redford e Arnold Schwarzenegger, ex-governador republicano da Califórnia.
"Não viemos a Paris para fazer história: viemos para forjar o futuro", disse Bloomberg. "As mudanças climáticas são um risco para cada cidade e cada região" dos Estados Unidos, acrescentou.
Dinheiro
A conferência do clima foi inaugurada oficialmente em 30 de novembro, na presença de 150 chefes de Estado e de governo, o que deixava clara a importância que dão à obtenção de um acordo.
A novidade em relação a Copenhague reside em um envolvimento direto das duas maiores economias e dos dois maiores poluidores do planeta - China e Estados Unidos - que apresentaram suas respectivas metas de redução de gases de efeito estufa.
Mas rapidamente retornaram as tradicionais linhas de ruptura nestas negociações: o financiamento dos esforços, o caráter vinculante de um acordo e os mecanismos de verificação do que foi pactado.
"As finanças farão (este acordo) triunfar ou naufragar", advertiu em uma coletiva de imprensa a representante do grupo de 134 países em desenvolvimento (G77), a embaixadora sul-africana, Nozipho Mxakato-Diseko.
As ONGs também denunciam manobras de "países como Arábia Saudita e Argentina" para evitar a redução de subsídios a "energias sujas", ou fósseis.
A Avaaz, uma ONG global, organizou um protesto em frente à sede da conferência em Le Bourget, entre as bandeiras destes dois países, com militantes fantasiados de crianças que exigiam maturidade aos negociadores.