O sistema socialista construído por Hugo Chávez, na Venezuela, enfrenta neste domingo (6) seu principal teste eleitoral com a realização das eleições no país, que se tornaram uma disputa acirrada pelo controle da Assembleia Nacional. Fogos de artifício patrocinados pelo governo e música acordaram as pessoas na manhã deste domingo (6), em regiões onde moram a classe trabalhadora de Caracas, e os eleitores começaram a fazer fila antes mesmo da abertura das urnas, ansiosos para depositar seus votos o quanto antes, temendo episódios de violência até o fim do dia. Os bairros com mais riscos, que tendem a favorecer a oposição, foram poupados do barulho pela manhã.
Com a violência crescente, a inflação galopante e a carência de produtos básicos, o partido governante da Venezuela, fundado pelo falecido presidente Hugo Chávez, enfrenta pela primeira vez em 17 anos a possibilidade de sofrer uma forte derrota nas eleições legislativas para uma oposição que chega a ter 30 pontos porcentuais de vantagens nas pesquisas de intenção de voto. Se a oposição conseguir arrebatar a maioria dos assentos dos aliados do governo do presidente Nicolás Maduro, pela primeira vez desde 2000 obteria o poder de conter o controle cada vez maior do Executivo sobre a vida nacional.
Alguns setores da oposição anunciaram também que, após ganharem o controle da Assembleia Nacional, poderiam promover um referendo convocatório contra o presidente Nicolás Maduro antes de o dirigente socialista completar seu mandato de seis anos, que termina em 2019.
Hoje, 163 mil policiais e soldados foram mobilizados em todo o país para votação, mas muitos venezuelanos continuam a temer a violência pós-eleitoral. Maduro reiterou sua promessa nesta semana para tomar as ruas se o seu partido perder. Os líderes da oposição disseram que se sua coalizão não conseguir vencer, isso significaria que estado fraudou o pleito.
Os primeiros resultados devem ser conhecidos na noite de domingo. Os mais de 14 mil centros de votação vão se abrir às 6h da manhã (hora local, 8h30 de Brasília) e serão fechados às 18h.
A União Europeia manifestou, no último dia 26, preocupação com o aumento de casos de violência relacionados às eleições venezuelanas, depois do assassinato de um dirigente da oposição durante um comício.
"O assassinato de Luis Manuel Díaz, secretário regional do partido Ação Democrática, mostra a deterioração de uma situação já tensa no período que antecede as eleições legislativas de 6 de dezembro”, disse destaca o bloco em comunicado a respeito da morte do opositor de Maduro, no dia 25 de novembro deste ano.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU tem alertado o governo da Venezuela sobre a necessidade de se garantir a adequada proteção de opositores políticos, defensores de direitos humanos e outras pessoas que enfrentam ameaças em relação ao trabalho que desempenham.