A polícia matou nesta quinta-feira (7) um homem armado com uma arma branca que tentou atacar uma delegacia de Paris aos gritos de "Alá Akbar" (deus é grande), no dia do aniversário de um ano do atentado jihadista contra a revista Charlie Hebdo.
O agressor, que ainda não foi identificado, também levava "um papel com a bandeira" do grupo jihadista Estado Islâmico e uma "reivindicação manuscrita inequívoca" em árabe, indicou o procurador de Paris François Molins, informando que, diante destes elementos, o setor antiterrorista do Ministério Público foi encarregado da investigação.
Este ataque foi registrado poucos minutos depois de um discurso do presidente François Hollande, que pediu aos serviços de segurança franceses maior cooperação ante o risco de atentados.
O homem, armado com uma faca, tentou agredir um policial na entrada da delegacia ao grito de "Alá Akbar". Também carregava um cinturão de explosivos, que posteriormente se mostrou falso.
"Um homem tentou na manhã desta quinta-feira agredir um policial na recepção da delegacia, antes de ser atingido por tiros de resposta dos policiais", indicou o porta-voz do ministério do Interior, Pierre-Henry Brandet.
O corpo do homem, vestido com um casaco escuro e calça jeans, ficou estendido na calçada, em frente à delegacia. Sob o casaco carregava um pequeno saco pendurado com fita adesiva do qual saía um fio. Um robô da polícia permitiu comprovar que o dispositivo não continha explosivos, indicaram fontes judiciais.
O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, se dirigiu à delegacia.
Os incidentes ocorreram no bairro popular de Goutte d'Or, setor multiétnico do norte de Paris, no distrito 18 da capital. Este setor, assim como o bairro de negócios La Défense, foi mencionado como potencial alvo dos jihadistas que cometeram os atentados de 13 de novembro contra o Stade de France, restaurantes do leste da capital e a sala de espetáculos Bataclan.
Estes atentados, os piores já sofridos pela França, deixaram 130 mortos e centenas de feridos.
Gravidade da ameaça
Na manhã desta quinta-feira, François Hollande evocou a necessidade de reforçar ainda mais as medidas de segurança diante da ameaça de atentados terroristas.
"A gravidade da ameaça exige aumentar ainda mais" a segurança, disse em um discurso de Ano Novo pronunciado para membros da polícia, da gendarmaria e do exército.
Os atentados de novembro de 2015 levaram François Hollande a decretar Estado de emergência, em meio a críticas à atuação dos serviços de segurança.
Uma destas críticas envolve a proteção da redação da Charlie Hebdo, que foi alvo de ameaças antes do massacre de 7 de janeiro de 2015.
Hollande confirmou nesta quinta-feira que um novo projeto de lei para reforçar a segurança está sendo preparado.
Entre as medidas incluídas neste texto, o presidente francês citou a flexibilização das normas que envolvem os controles de identidade, os registros de pessoas e veículos e as inspeções, assim como a prisão domiciliar para os jovens radicalizados que retornarem de Síria e do Iraque.
"Todas estas medidas estarão sob o controle do juiz, já que isto é uma garantia da regularidade e da legitimidade destes atos, que são forçosamente limitados no tempo e na luta contra o terrorismo", disse.
Trata-se de reforçar "de maneira perene as ferramentas e meios colocados a disposição das autoridades" fora do contexto temporário do estado de emergência instaurado após os atentados de 13 de novembro, segundo fontes da presidência francesa.
"O estado de emergência em uma democracia não está destinado a durar", afirmou Hollande nesta quinta-feira.
Em 7 de janeiro de 2015, os irmãos Cherif e Said Kouachi mataram doze pessoas na sede da Charlie Hebdo. Nos dias seguintes, Amédy Coulibaly, ligado a eles, matou uma policial e fez uma tomada de reféns em um supermercado kosher, onde matou quatro pessoas. Três policiais figuram entre as 17 vítimas destes atentados.
Nesta semana, o presidente inaugurou três placas comemorativas em memória das vítimas e uma quarta será inaugurada no sábado.
As celebrações terminarão no domingo com uma manifestação organizada na Praça da República.