O governo do México lançou nesta terça-feira um site para debater o consumo de maconha, pouco mais de dois meses após o Supremo Tribunal mexicano ordenar de forma inédita que o governo permita o consumo recreativo a quatro pessoas que buscam sua descriminalização.
Na sequência dessa decisão, o presidente do México, Enrique Peña Nieto, manifestou sua oposição à legalização da maconha, mas disse que estava "aberto" para ouvir "posições devidamente documentadas".
Com a plataforma digital, "o governo organiza um debate amplo e inclusivo para que todas as vozes e diversas culturas sejam ouvidas", disse em coletiva de imprensa Roberto Campa, subsecretário de Direitos Humanos.
Através do site www.gob.mx/debatemarihuana, qualquer persona poderá se inscrever como ouvinte ou participante dos cinco fóruns que serão realizados entre 26 de janeiro e 5 de abril em diferentes pontos do país.
Os mexicanos, que em sua maioria, segundo pesquisas, se opõem à legalização, encontrarão na página informações sobre legislações de outros países, estatísticas, pesquisas em todo dos efeitos da maconha na saúde, entre outros temas.
Nos fóruns será realizado um "debate especializado", enfatizou Campa. "Os objetivos deste debate são o desenho de novas políticas públicas", informou.
No primeiro fórum que será realizado em Cancún (este), serão analisadas as "alternativas regulatórias da maconha sob uma perspectiva de saúde pública e prevenção de vícios", e contará com a participação de especialistas internacionais, entre eles alguns acadêmicos da universidade de Harvard (Estados Unidos).
Em 4 de novembro a Suprema Corte de Justiça do México ordenou que o governo permitisse a três advogados e uma ativista o consumo com fins recreativos da maconha.
Os quatro beneficiários da decisão, reunidos na Sociedade Mexicana de Autoconsumo Responsável e Tolerante (SMART), não fumam maconha nem procuram cultivá-la. Desde o início de seu périplo judicial, deixaram claro que sua intenção era detonar um debate no Congresso para que seja legalizada.
A SMART considera que a legalização reduzirá a violência gerada pelos cartéis de drogas, que desde 2006 deixaram mais de 100.000 mortos e desaparecidos.