Irã está cético sobre benefícios do fim das sanções

Medidas tiveram um impacto considerável sobre a economia iraniana e reduziu drasticamente o poder aquisitivo dos habitantes do país
AFP
Publicado em 17/01/2016 às 14:25
Medidas tiveram um impacto considerável sobre a economia iraniana e reduziu drasticamente o poder aquisitivo dos habitantes do país Foto: Foto: Reprodução da internet


O levantamento das sanções financeiras e econômicas internacionais impostas ao Irã durante anos devem impulsionar a economia em crise, mas os comerciantes e consumidores estão céticos sobre os benefícios que terão a curto prazo.

Sábado, foi encenada em Viena a entrada em vigor do acordo alcançado em julho entre Teerã e as grandes potências, o que significa o fim do ostracismo internacional da República Islâmica.

As sanções, aprovadas em 1979 pelos Estados Unidos, em 2006 pelas Nações Unidas e em 2007 pela União Europeia, tiveram um impacto considerável sobre a economia iraniana e reduziu drasticamente o poder aquisitivo dos habitantes do país.

A inflação anual caiu para 13% desde a chegada ao poder do presidente Rohani em 2013, mas antes disso bateu a marca de 40%. Apesar da melhora, a economia iraniana ainda está em recessão, com um crescimento perto de zero.

Além disso, muitas lojas e fábricas fecharam as portas nos últimos meses, segundo a imprensa local, e vários movimentos de protesto por melhores salários têm se formado entre os trabalhadores.

Embora em teoria a economia iraniana tenha tudo a ganhar com o fim das sanções, como falou Rohani há dois anos, nem todos são tão otimistas.

Para Mohammad Ehsani, dono de um bazar em Teerã, a abertura da economia iraniana é essencialmente sinônimo de desastre. "Os negócios vão piorar", afirma categoricamente.

"Levará anos e muitas empresas locais vão falir no período de transição", lamenta, dizendo-se asfixiado por impostos anuais de 7.000 dólares (6.400 euros).

Mitra Kazerouni, uma mulher de 37 anos, também não acredita que as coisas vão mudar num futuro imediato. "As sanções afetaram as pessoas, mas o levantamento não vai mudar as coisas. Até agora ninguém viu os preços baixarem", garante. 

A volta do Irã ao seio do sistema bancário internacional SWIFT também deve representar um aumento da liquidez.

Mas este argumento não convenceu Ehsan Ahmadi, um outro comerciante do Bazaar. "Não tem nenhum significado para nós. São as pessoas que sofrem [com o aumento dos] preços, que nunca vão retornar ao ponto onde estavam antes", afirma. 

Mas o futuro ruim não é unanimidade entre os comerciantes. 

Para Faranak Asgari, diretor da empresa turística ToIran.com, o fim das sanções vai significar a volta do turismo de estrangeiros no país. "É a melhor coisa que aconteceu no Irã nos últimos 37 anos", comemora, aludindo à revolução islâmica de 1979.

Em novembro, o governo apresentou meia centena de projetos ligados aos hidrocarbonetos e levou as empresas petroleiras e gasistas estranheiras a investirem 25 bilhões de dólares (23 milhões de euros).

Outros setores podem seguir os passos do setor de energia propondo ofertas similares, como a aviação e o turismo.

E enquanto nem tudo está ganho - o Irã deve enfrentar a queda vertiginosa no preço do barril de petróleo - entre os especialistas paira um espírito positivo. 

Para o economista Saaed Laylaz, o acordo nuclear forma as bases necessárias para reformar uma economia gangrenada pelo nepotismo das elites. "Sou relativamente otimista", garante.

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