A chanceler alemã, Angela Merkel, criticada em seu país e isolada na Europa, tenta nesta sexta-feira (22) conquistar o apoio da Turquia para reduzir o fluxo de migrantes, enquanto novos naufrágios foram registrados no mar Egeu.
As 21 vítimas, entre elas oito crianças, morreram em dois naufrágios sucessivos em frente às ilhas gregas de Farmakonissi e Kalolimnos. Vários migrantes estão desaparecidos, segundo a polícia portuária grega, que os busca ativamente.
Neste contexto, Merkel se reúne nesta sexta-feira em Berlim com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, e com seus principais ministros em um encontro de consultas germano-turcas, inéditas neste formato, e que a própria chanceler classifica de chave para resolver a crise dos migrantes.
Uma conferência de doadores para a Síria está prevista para 4 de fevereiro em Londres, antes de uma cúpula europeia em meados do mesmo mês. "Só depois poderemos fazer um primeiro balanço", disse Merkel.
A chanceler falou na noite de quinta-feira sobre a conferência de doadores de Londres com o presidente americano, Barack Obama, em uma conversa telefônica, segundo seu porta-voz.
Ele disse que Obama prometeu uma participação substancial de seu governo na conferência de doadores.
A Turquia, país pelo qual passam muitos dos candidatos a conseguir um asilo na Europa, desempenha um papel central na estratégia de Merkel de reduzir neste ano de maneira significativa o número de solicitantes de asilo que chegam à Alemanha, e que alcançaram em 2015 o número recorde de um milhão.
CRITICADA E ISOLADA
"Temos um interesse comum de que menos refugiados se dirijam à Turquia e que a Turquia simplesmente não os deixe passar (...) é por isso que queremos determinar nossos interesses comuns para que isto termine", declarou na quinta-feira o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière.
Merkel, por sua vez, continua negando-se a fechar as fronteiras aos refugiados ou a impor limites aos que acolhe, e defende uma solução internacional que passa por um melhor controle dos fluxos a partir da Turquia, e uma divisão de migrantes mediante quotas europeias.
Mas esta solução, que dificilmente se concretizará, gera críticas por parte de alguns de seus próprios deputados, e a crise com o braço bávaro (CSU) de seu partido político piora a cada dia. Se Merkel não obtiver rapidamente uma melhor cooperação de Ancara, a situação será politicamente perigosa para ela, sobretudo diante das cruciais eleições regionais de março.
A UE prometeu no fim de novembro 3 bilhões de dólares à Turquia em troca de controlar melhor suas fronteiras e lutar contra os traficantes de pessoas. Mas por um lado os governos europeus não conseguem financiar esta promessa, e por outro acusam a Turquia de não cumprir o combinado.
O jornal conservador Die Welt constatava nesta sexta-feira o isolamento europeu da chanceler. "A União Europeia tem 28 membros. A maioria deles estão dispostos a se unir para regular o número de refugiados através de controles reforçados nas fronteiras, mas a Alemanha se opõe (...) Por acaso é antieuropeia a posição da maioria?".
Até o momento, na falta de uma solução comum, entre 2.000 e 3.000 refugiados continuam chegando todos os dias à costa grega.