Portugal escolhe presidente e conservador é favorito

Quase 9,7 milhões de portugueses estão registrados para votar até as 19h GMT (17h de Brasília). As primeiras estimativas devem ser divulgadas uma hora mais tarde, devido ao fuso horário das ilhas Açores
AFP
Publicado em 24/01/2016 às 16:03
Quase 9,7 milhões de portugueses estão registrados para votar até as 19h GMT (17h de Brasília). As primeiras estimativas devem ser divulgadas uma hora mais tarde, devido ao fuso horário das ilhas Açores Foto: Foto: AFP


Os portugueses comparecem às urnas neste domingo para uma eleição presidencial que tem como grande dúvida se o popular candidato de direita Marcelo Rebelo de Sousa será eleito no primeiro turno. Em Portugal, o chefe de Estado tem funções fundamentalmente honorárias, mas dispõe de uma prerrogativa chamada de "bomba atômica": a de dissolver o Parlamento. Uma possibilidade nada banal, levando-se em consideração a fragilidade da atual coalizão de poder de esquerda. Segundo as pesquisas mais recentes, Marcelo Rebelo de Sousa, do Partido Social-Democrata (PSD), professor de Direito e analista político na televisão, receberia entre 52% e 55% dos votos e venceria a eleição no primeiro turno.

Seu principal adversário, o independente de esquerda António Sampaio da Nóvoa, obteria entre 17% e 22% dos votos, e a ex-ministra socialista Maria de Belém Roseira ficaria com entre 8% e 13%. No total, dez candidatos estão na disputa, um número recorde para eleições presidenciais em Portugal.

"Votei no professor Marcelo. Depois de vê-lo tantos anos na televisão, conheço suas ideias políticas", afirma o aposentado Mario Machado, de 72 anos, depois de votar, em Lisboa. Para o contador José Nascimento, de 57 anos, que votou em uma candidata da esquerda, "Marcelo é uma personalidade do mundo do espetáculo, que promete tudo para todo o mundo".

Rebelo de Sousa, que tem grande popularidade além da esfera política graças a sua carreira de comentarista na televisão, realizou uma campanha personalista, sem cartazes, ou panfletos, privilegiando o contato direto com os eleitores.Para o cientista político José Antonio Passos Palmeira, Rebelo de Sousa "é um candidato de consenso com um discurso moderado, que capta votos entre a direita e a esquerda".

A dificuldade para a eleição no primeiro turno é o histórico índice elevado de abstenção. Em 2011, a taxa alcançou de 53,48%. Às 16h locais (14h em Brasília), a participação nas urnas era de 37,69% do padrão, superior ao 35,16% registrados nesse mesmo horário na disputa presidencial de 2011.

Papel de árbitro

Quase 9,7 milhões de portugueses estão registrados para votar até as 19h GMT (17h de Brasília). As primeiras estimativas devem ser divulgadas uma hora mais tarde, devido ao fuso horário das ilhas Açores.

Caso nenhum candidato obtenha mais de 50% de votos, os dois primeiros colocados disputarão o segundo turno em 14 de fevereiro.Rebelo de Sousa, 67 anos, tem o apoio oficial dos dois partidos de direita, PSD e CDS, mas se distanciou desses dois partidos associados às impopulares políticas de austeridade da legislatura anterior.

"Não serei o presidente de nenhum partido", prometeu o especialista em Direito Constitucional, que deseja ser "um árbitro acima das confusões". Rebelo de Sousa é bastante diferente do atual presidente, Aníbal Cavaco Silva, que, aos 76 anos, chega ao fim do segundo mandato consecutivo.

O presidente conservador nunca escondeu as dúvidas a respeito de nomear um governo socialista apoiado no Parlamento por vários partidos de esquerda radical. Inédita em 40 anos de democracia em Portugal, a aliança conseguiu afastar do poder em poucos dias a coalizão de direita, que venceu as legislativas de 4 de outubro, mas sem maioria absoluta.

Ao contrário de Cavaco Silva, o "professor Marcelo" se mostra bastante conciliador com o governo de esquerda liderado por António Costa, seu ex-aluno na Faculdade de Direito de Lisboa. Se for eleito, acredita o cientista político António Costa Pinto, "Marcelo não será um inimigo político do governo socialista"

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