França promete resposta e Reino Unido minimiza novas ameaças jihadistas

Hollande afirmou ainda que 'nenhuma ameaça fará a França hesitar'
Da AFP
Publicado em 25/01/2016 às 14:40
Hollande afirmou ainda que 'nenhuma ameaça fará a França hesitar' Foto: Foto: PATRICK KOVARIK/AFP


A França se declarou decidida a atingir ainda mais o grupo Estado Islâmico após a difusão de um novo vídeo com ameaças, que foram, por sua vez, minimizadas pelo governo do Reino Unido.

"Jamais nos deixaremos impressionar", afirmou o presidente François Hollande em coletiva de imprensa em Nova Délhi, onde França e Índia publicaram uma declaração conjunta sobre a luta terrorista.

"Sabemos quem nos atingiu, o Daesh, que, além de reivindicar seus crimes, exibe os autores desses atos, desses assassinatos, e difunde imagens atrozes", afirmou, usando o acrônimo em árabe da organização.

Hollande afirmou ainda que "nenhuma ameaça fará a França hesitar".

"Nada nos assustará, nenhuma ameaça fará a França hesitar sobre o que deve fazer no combate ao terrorismo", disse o chefe de Estado à imprensa durante uma visita oficial à Índia.

"Estas imagens não fazem mais do que desqualificar os autores dos crimes", afirmou.

"Se adotei medidas para prorrogar o estado de emergência é porque sei que existe a ameaça e não vamos ceder em nada, nem nos meios de defender nosso país, nem nas liberdades", completou Hollande.

Já o gabinete do primeiro-ministro britânico David Cameron minimizou as ameaças do grupo contra o Reino Unido em seu novo vídeo e afirmou que a organização jihadistas está em declive.

"Estamos no processo de examinar este último vídeo de propaganda que é claramente um novo gesto do grupo terrorista abominável e que está claramente em declive e retirada", afirmou à imprensa um porta-voz de Cameron.

O secretário-geral do Conselho da Europa, Thorbjørn Jagland, por sua vez, expressou a Hollande sua preocupação quanto a um possível prolongamento do estado de emergência decretado na França.

Em uma carta, Jagland diz estar preocupado, entre outras coisas, com as "condições que podem ser realizadas as revistas e prisões domiciliares".

O EI postou no domingo um vídeo, no qual afirma apresentar os nove autores dos atentados que deixaram 130 mortos em Paris em 13 de novembro do ano passado.

Na gravação, o EI ameaça todos os países da "coalizão", sobretudo a Grã-Bretanha.

Segundo o vídeo, intitulado "Mate-os onde quer que os encontre", os envolvidos são quatro belgas, três franceses e dois iraquianos.

Publicado pelo braço midiático do EI, o Centro de Mídia Al Hayat, as imagens mostram os supostos autores cometendo atrocidades, como decapitações e execuções à queima-roupa de pessoas apresentadas como reféns.

Expressando-se em árabe e em francês, vários deles dizem que "a mensagem é dirigida a todos os países que participam da coalizão" liderada pelos Estados Unidos. Desde setembro de 2014, estas nações intervêm contra o EI na Síria e no Iraque.

O vídeo também mostra um retrato do primeiro-ministro britânico, David Cameron, acompanhado de uma legenda em inglês que diz: "quem quer que se alinhe com os infiéis será alvo das nossas espadas".

Além disso, os nove membros são descritos como "leões", que "puseram a França de joelhos".

Entre as imagens, há passagens dos atentados de Paris e das operações da Segurança francesa após os ataques.

 

Capacidade de combate

O diretor da Europol, Rob Wainwright, apresentou nesta segunda um relatório que afirma que o EI desenvolveu uma "capacidade de combate para realizar uma nova campanha de ataques em grande escala com um foco particular na Europa".

Segundo um relatório difundido junto com a inauguração de um novo centro antiterrorista, os analistas da agência acreditam que o EI "preparam novos ataques (...) nos Estados membros da UE e, em particular, na França".

O relatório, que reúne as conclusões de um seminário de especialistas realizado três semanas depois dos ataques de paris que deixaram 130 mortos e centenas de feridos, foi apresentado pelo diretor da Europol.

Nele, os especialistas falam das mudanças no 'modus operandi' do grupo jihadista que parece capaz de passar à ação quando deseja, em qualquer lugar do mundo, para realizar ataques "complexos e bem coordenados", utilizando combatentes locais que conhecem o terreno.

"Os combatentes locais do Estado Islâmico têm uma liberdade tática de adaptar seus planos a circunstâncias locais específicas, o que soma uma dificuldade a mais às autoridades para detectar esses planos e identificar as pessoas envolvidas", assinala o estudo.

O relatório enfatiza que sem informações de inteligência concretas, "as atividades, os contatos e as viagens de terroristas conhecidos é quase impossível prever com exatidão quando e onde ocorrerá o próximo ataque".

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