A Grécia enfrentava nesta segunda-feira (25) a pressão de seus parceiros europeus para controlar melhor sua fronteira com a Turquia, a principal porta de entrada de migrantes na União Europeia (UE), em uma reunião em Amsterdã, também dedicada à luta contra o terrorismo.
Numa segunda frente, o encontro informal dos ministros do Interior da UE, sem decisão esperada, foi mais uma oportunidade para os 28 Estados-membros discutirem a partilha de informações, o principal desafio do novo Centro Europeu de Combate ao Terrorismo, lançado oficialmente nesta segunda-feira.
Os ministros do Interior também pediram à Comissão Europeia para que lance um procedimento que permita estender por dois anos o restabelecimento dos controles nas fronteiras internas do espaço Schengen.
O período máximo destes restabelecimentos é normalmente de seis meses.
Seis países restabeleceram seus controles, incluindo Dinamarca, Suécia, França, Áustria e Alemanha.
A Áustria voltou a apontar Atenas, que ela já havia ameaçado no sábado de "exclusão temporária" do espaço Schengen de livre circulação. O espantalho não foi agitado por outros, mas vários ministros também instaram a Grécia a fazer um esforço.
"É um mito que a fronteira greco-turca não pode ser protegida, a marinha grega tem capacidade suficiente para garantir essa fronteira", declarou a ministra austríaca do Interior, Johanna Mikl-Leitner.
Se a Grécia não agir, "a fronteira externa da Europa vai mudar para a Europa Central", advertiu Mikl-Leitner em sua chegada à reunião.
Schengen ameaçado
Seu contraparte alemão, Thomas de Maizière, também exortou a Grécia a "fazer a lição de casa", mas sem usar o mesmo tom ou endossar as ameaças de exclusão, juridicamente impossível.
"O fato é que queremos salvar Schengen, queremos soluções europeias comuns, mas o tempo está se esgotando", disse Maizière, acreditando que o ponto-chave é uma rápida implementação do acordo da UE com a Turquia para conter o fluxo de imigrantes para a Europa.
Em Ancara, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, afirmou nesta segunda-feira que os três bilhões de euros prometidos por Bruxelas à Turquia para manter os imigrantes em seu território, principalmente refugiados sírios, estaria disponível "dentro de um prazo razoável".
A Itália e a Espanha também pediram um reforço no controle das fronteiras externas, mas também insistiram que não se deve "isolar" a Grécia.
A Comissão Europeia foi "convidada" pelos ministros da UE a se preparar para ativar o artigo 26 do Código de Schengen.
Para o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, "não vamos precisar chegar a este extremo", se os europeus implementar rapidamente medidas como o reforço dos controles nas fronteiras externas ou a partilha necessária informação na luta contra o terrorismo.
Novo centro de contra-terrorismo
A partilha de informações entre os europeus na luta contra o terrorismo foi o outro grande tema da reunião de Amsterdã, durante a qual deve ser apresentado oficialmente o novo Centro Europeu de Combate ao Terrorismo no âmbito da Europol, o gabinete europeu de polícia.
Trata-se de "uma estrutura permanente, decidida a nível político, que estabelece pela primeira vez na Europa um centro de operações dedicado que funciona em todo o continente em questões sensíveis terroristas", explicou no sábado à AFP o diretor da Europol, Rob Wainwright.
Esta plataforma deve atender a uma das principais lacunas na luta contra o terrorismo a nível europeu: o compartilhamento insuficiente de informação entre os Estados, que não confiam o suficiente para trabalhar em conjunto no domínio sensível da inteligência.
Também estão previstas discussões sobre a questão dos "combatentes estrangeiros" e a luta contra o tráfico de armas.
"Vamos colocar uma pressão considerável sobre as instituições e os Estados-Membros da União Europeia", advertiu o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve.
O objetivo "é sair da reunião com um projeto de calendário", com a vontade "de colocar em prática as primeiras ações concretas no final do primeiro trimestre de 2016", acrescentou Cazeneuve.
Depois do encontro entre os ministros nesta segunda, na terça-feira será a vez dos ministros da Justiça dos 28 países da UE se reunirem em Amsterdã para discutir a luta contra os crimes digitais.