A primeira empresa americana autorizada por Washington a se instalar em Cuba espera começar a produzir tratores para agricultores cubanos no começo de 2017, informou nesta terça-feira (16) à AFP um de seus fundadores, Saul Berenthal.
A empresa Cleber recebeu na semana passada a autorização do Departamento americano do Tesouro para operar em Cuba, razão pela qual se tornará na primeira empresa americana a fazê-lo em mais de meio século, após o degelo entre Washington e Havana, informou Berenthal em entrevista por telefone.
Já com a permissão em mãos, "temos nosso advogado em Cuba, trabalhando com as autoridades" cubanas para terminar o processo de instalação na zona franca do megaporto de Mariel, disse o cofundador da Cleber, baseada no Alabama (sudeste dos EUA).
A montadora, que espera produzir a princípio entre 100 e 500 tratores ao ano com peças fabricadas no Alabama, deve começar a operar "no primeiro trimestre de 2017", confidenciou Berenthal, uma vez concluídos os termos, como por exemplo o número de empregados e salários.
O embargo americano proíbe quase toda a relação comercial com a ilha comunista, mas a empresa de Berenthal se beneficiou de disposições especiais que autorizam o comércio de equipamento agrícola com Cuba, aprovadas pelo presidente americano, Barack Obama, no âmbito da normalização de relações bilaterais iniciais no fim de 2014.
Cuba tinha anunciado em novembro passado que Cleber era uma das empresas aprovadas para funcionar no megaporto de Mariel, 45 km a oeste de Havana, uma iniciativa da ilha que busca atrair capitais estrangeiros.
A empresa produzirá um trator "pequeno mas tecnologicamente avançado" que tem as "pequenas cooperativas agrícolas cubanas como o cliente objetivo", destacou Berenthal. O objetivo é chegar no futuro a mil unidades montadas ao ano.
A Cleber também espera exportar seu trator para a América Latina, aproveitando os vínculos comerciais de Cuba com a região, indicou Berenthal.
Berenthal disse que a empresa celebra ser parte do processo de degelo entre os antigos inimigos.
"Aproximar os dois países no âmbito econômico e, com sorte, no político, nos dá muito prazer", acrescentou.
Estados Unidos e Cuba, que reabriram formalmente suas respectivas embaixadas em julho passado, continuam no longo e difícil processo de normalização completa de suas relações bilaterais.