O papa Francisco afirmou nesta quinta-feira que o bilionário americano Donald Trump, pré-candidato à Casa Branca pelo Partido Republicano, não pode se declarar "cristão" com a promessa de construir um muro na fronteira com o México para afastar os imigrantes.
"Uma pessoa que quer construir muros e não pontes não é cristã", afirmou o papa em seu avião de volta a Roma, ao responder a um jornalista sobre a posição anti-imigração do candidato às primárias pelo Partido Republicano.
"Votar ou não votar, eu não me meto nisso. Só digo, não é um cristão", acrescentou.
O magnata do ramo imobiliário reagiu, denominando de "vergonhoso" o comentário do pontífice argentino.
"É vergonhoso que um líder religioso questione a fé de alguém", escreveu Trump em um comunicado, assegurando que o papa argentino está sendo usado como um "peão" no debate migratório.
Líder das pesquisas de intenção de voto entre os republicanos e ganhador das primárias em New Hampshire, Trump questionou as posições do papa, consideradas políticas por ele, e prometeu a construção de um muro para substituir a barreira atual entre o México e os Estados Unidos se for eleito presidente.
O Vaticano esclareceu que o papa não falava como um líder político, mas "como um homem de fé".
"A política não é o ofício do papa. É um homem de fé. Mas não deve surpreender que sua mensagem pastoral tenha repercussões políticas e sociais", advertiu na quarta-feira o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, em coletiva de imprensa na Cidade do México.
Em visita àquele país, o papa denunciou a "tragédia humana" que sofrem os migrantes quando fogem da violência e da pobreza em seus países, em uma missa celebrada antes de seu retorno no ponto da fronteira mexicano-americana por onde passam milhares de imigrantes ilegais em busca de uma vida melhor e onde Trump quer erguer o muro.