O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, deu um ultimato nesta sexta-feira (18) à guerrilha das Farc para cumprir o compromisso assumido de selar no mais tardar em 23 de março um acordo definitivo de paz que ponha fim a meio século de conflito armado.
"Já se esgotou o tempo para concluir as negociações. A data de 23 de março, acordada pelo presidente da República e o comandante das Farc, está a menos de cinco semanas", disse o presidente em La Guajira (norte), um dia depois de uma crise desatada pela participação de líderes guerrilheiros, acompanhados de rebeldes armados em um ato político com a população civil.
Em sua primeira declaração, após o comício liderado na véspera pelo líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, comunistas) nos diálogos de paz em Cuba, Iván Márquez, no povoado El Conejo, 160 km a sudoeste de Manaure, Santos afirmou que "sob nenhum motivo e nenhuma circunstância" permitirá manifestações políticas com armas.
"Não apenas violaram as regras e os protocolos, mas é um duro golpe na confiança depositada na negociação e na confiança dos colombianos no processo", enfatizou.
Na quinta-feira, o presidente tinha ordenado a suspensão das visitas à Colômbia dos delegados das Farc em Cuba para informar nos acampamentos guerrilheiros sobre os avanços em Havana e mandou organizar o retorno imediato dos negociadores que estiverem em território colombiano. "Pouco fazer as Farc em busca da paz neste momento tão importante. São os primeiros que deveriam dar demonstrações de sensatez e prudência", disse.
Visivelmente incomodado com o ocorrido, afirmou: "já discutimos o suficiente. O povo colombiano quer e exige definições já para recuperar sua confiança no processo". O presidente destacou quatro "linhas vermelhas" sobre os pontos pendentes, que "devem ser resolvidos antes da data acordada".
"Se não for assim, os colombianos vamos entender que as Farc não estavam preparadas para a paz", destacou. O primeiro dos pontos "não negociáveis", segundo o presidente, é o mecanismo de referendamento dos acordos, que deixa frente a frente o governo, a favor de um plebiscito, e o grupo armado, que defende uma assembleia constituinte.
Santos urgiu, ainda, selar um cessar-fogo definitivo, a definir "um número razoável e prático" das zonas de concentração para a deposição das armas por parte das Farc e acordar um sistema de eleição dos magistrados do Tribunal Especial de paz que julgará os crimes cometidos durante o conflito armado.