O governo venezuelano denunciou nesta segunda-feira (9) uma "fraude" nas assinaturas entregues pela oposição para ativar o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro.
"Eu sei que há venezuelanos que assinaram (...), mas também sei, agora tenho certeza, que fraudaram a lei, alteraram os requisitos", disse em coletiva de imprensa Jorge Rodríguez, titular de uma comissão designada por Maduro para monitorar o processo.
Rodríguez afirmou que "mais de 11% das planilhas" que contêm as assinaturas e forem entregues ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) no dia 3 de maio "estão incompletas".
"Estamos começando a ver assinaturas sem digital, nomes sem cédula e, de novo, mortos assinando", prosseguiu.
O funcionário se referiu ao 1,8 milhão assinaturas entregues à coalizão opositora "Mesa da Unidade Democrática" (MUD) ao organismo eleitoral para pedir a ativação do referendo. A MUD precisava apresentar pouco menos de 200.000.
Nesta segunda-feira, acabou o prazo legal para a contagem das assinaturas. Se o CNE considerar que o requisito foi cumprido, os interessados serão convocados para validar suas assinaturas com a digital.
Rodríguez disse que nos documentos entregues pela MUD há assinaturas de pessoas nascidas em 1908 e 1915, o que relacionou com uma possível tentativa de enganar as autoridades.
Além disso, considerou inviável que processo de revocatório seja realizado ainda neste ano.
Essa questão é sensível para a MUD, pois, se a consulta for feita após 10 de janeiro de 2017 e Maduro perder, os dois anos para o fim do mandato serão cumpridos pelo vice-presidente, designado pelo chefe de Estado.
"Eles sabem que é impossível a realização de um referendo revocatório neste ano", afirmou Rodríguez, citando declarações do ex-candidato presidencial Henrique Capriles.
Para convocar o referendo, a oposição deverá recolher cerca de quatro milhões de assinaturas em três doas. O "sim" deve conseguir mais de 7,5 milhões de votos pelos quais Maduro foi eleito em 2013.