O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, reafirmou nessa terça-feira (31) sua disposição de dialogar com a oposição em reuniões exploratórias na República Dominicana.
"Ratifico (...) que vamos manter a mesa de diálogo na República Dominicana e que vamos respeitar tudo que for acertado (...) na rota traçada para que na Venezuela haja diálogo", disse Maduro em um ato oficial transmitido pela TV estatal.
Representantes do governo venezuelano e da oposição se reuniram - separadamente - na República Dominicana com o ex-chefe de governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, com o ex-presidente dominicano Leonel Fernández e com o ex-presidente panamenho Martin Torrijos para buscar "uma base para um diálogo nacional", informou a secretaria geral da Unasul.
Maduro defendeu o "cultivo da tolerância política" e chamou a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) a ratificar sua disposição de dialogar "com serenidade e altivez".
"Estendo minha mão para estes atores políticos, apesar de todas as profundas divergências que temos, para que os verdadeiros líderes da MUD não deixem as cadeiras vazias na Unasul".
Mais cedo nesta terça-feira, Maduro disse que levará a direção do Parlamento à Justiça por "traição à pátria", após a oposição conseguir que a Organização dos Estados Americanos (OEA) analise a crise venezuelana.
"Uma ação com mandado de segurança imediato, porque pretendem ir pedir a intervenção da Venezuela em organismos internacionais, traindo a Pátria e sem ter poderes constitucionais para representar a República".
O governante socialista defendeu "um julgamento histórico que seja transmitido a toda a Nação" contra a direção parlamentar, presidida pelo ferrenho antichavista Henry Ramos Allup.
"Não apenas a usurpação de funções, mas pela traição à pátria em que incorreu essa Assembleia Nacional. A briga se faz brigando. Peço o apoio de todo o povo".
O presidente acusou a oposição de pedir, com suas gestões na OEA, uma "intervenção gringa" na Venezuela. "Passou do limite, e acreditam que o povo da Venezuela vai se intimidar".
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, pediu nesta terça-feira uma "sessão urgente" do Conselho Permanente para discutir a situação política e institucional na Venezuela, invocando a Carta Democrática Interamericana.
Maduro reagiu convocando uma "rebelião nacional" contra a aplicação da Carta Democrática invocada por Almagro e lhe mandou um recado pouco educado.
"Podem colocar a Carta assim (...) colocá-la em um tubinho bem fino e lhe dar um uso melhor. Enfie sua Carta Democrática onde bem entender. A Venezuela deve ser respeitada, e nenhuma carta vai ser aplicada à Venezuela".
Maduro convocou um protesto para esta quarta-feira como parte de seu apelo à "rebelião nacional" contra a Carta Democrática invocada por Almagro.
"Pretender intervir na Venezuela é um crime (...) e um intervencionismo", disse Maduro na TV estatal ao anunciar uma "grande passeata antiimperialista" de repúdio à OEA.
Na noite desta terça-feira, Chile, Argentina, Colômbia e Uruguai manifestaram seu apoio ao referendo revogatório do mandato de Maduro na Venezuela visando superar a profunda crise política e econômica que abala o país.
Os chanceleres dos quatro países firmaram um documento no qual manifestam seu apoio aos "procedimentos constitucionais, como o referendo revogatório", e reafirmam sua "disposição de colaborar e acompanhar esta e qualquer iniciativa construtiva que surja na região a favor de um diálogo efetivo que promova a estabilidade política e a recuperação econômica na Venezuela".
Os chanceleres também expressaram seu apoio às gestões realizadas por José Luis Rodríguez Zapatero, Martín Torrijos e Leonel Fernández na promoção de um "diálogo político (...) neste momento de profunda preocupação com a democracia e os direitos humanos na Venezuela".