Brexit pode custar 5,6 bilhões de libras ao ano em tarifas

Barack Obama advertiu que um Reino Unido fora da UE não teria nenhuma prioridade no momento de negociar um acordo comercial com os EUA
AFP
Publicado em 07/06/2016 às 11:37
Barack Obama advertiu que um Reino Unido fora da UE não teria nenhuma prioridade no momento de negociar um acordo comercial com os EUA Foto: Foto: AFP


A saída do Reino Unido da União Europeia no referendo de 23 de junho custaria 5,6 bilhões de libras em tarifas por ano aos exportadores britânicos, disse nesta terça-feira (7) em Londres o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevedo.

"Os exportadores britânicos correriam o risco de pagar até 5,6 bilhões de libras (8,15 bilhões de dólares, 7,17 bilhões de euros) todos os anos em taxas as suas exportações", disse Azevedo em um discurso no World Trade Symposium de Londres.

Azevedo se somou, assim, às advertências do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos) contrárias ao Brexit.

O brasileiro estimou que desfazer os laços comerciais com a UE e com os países com os quais o bloco europeu tem acordos comerciais seria uma tarefa incerta e complicada que pode levar anos e anos.

"Posso afirmar que as negociações para se ajustar meramente aos termos existentes levaram vários anos para ser finalizadas, em certos casos até dez ou mais. De qualquer forma, no que diz respeito ao Reino Unido, é impossível dizer quanto tempo levará", explicou.

"A única coisa certa seria a incerteza", disse Azevedo.

Os partidários da saída do Reino Unido minimizam o impacto econômico de tal eventualidade e sustentam que o país teria as mãos livres para negociar rapidamente acordos comerciais que substituiriam os existentes.

Boris Johnson, ex-prefeito de Londres e defensor do Brexit, disse em abril que o comércio britânico "aumentaria como resultado de se livrar de tanta burocracia e interferências políticas".

No entanto, o presidente americano, Barack Obama, advertiu que um Reino Unido fora da UE não teria nenhuma prioridade no momento de negociar um acordo comercial com os Estados Unidos e que teria que ir "para o fim da fila".

Azevedo disse que Londres não estaria na melhor posição em caso de Brexit. "Se você tem que completar um acordo rapidamente quando a outra parte pode esperar, negociará de uma posição muito frágil", explicou.

"Então, sobre esta base, pode levar algum tempo até que o Reino Unido volte a uma posição similar à que tem hoje no que diz respeito às relações comerciais com outros países", concluiu.

Os britânicos partidários do Brexit aparecem na liderança das pesquisas pela primeira vez em um mês, de acordo com pesquisas divulgadas nesta semana.

Segundo a média das pesquisas, elaborada pelo instituto de opinião What UK Thinks, os partidários da saída do bloco lideram por 51% a 49%, sem levar em consideração os indecisos. Segundo a maioria das pesquisas, o grupo dos que ainda não sabem o que fazer passa de 10%.

Há apenas duas semanas, a vantagem da permanência na UE era de 55% a 45%.

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