Um homem idoso que morreu em consequência do zika vírus no estado americano de Utah parece ter infectado seu cuidador, em um caso possivelmente único e desconhecido de transmissão da doença, disseram as autoridades de saúde dos Estados Unidos na segunda-feira.
A segunda pessoa já se recuperou da infecção, que é transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, mas também através do contato sexual.
O caso aponta para um possível caminho novo e desconhecido de transmissão do zika, um vírus capaz de causar más-formações e que se espalhou rapidamente pela América Latina desde o ano passado.
"Aprendemos algo novo sobre o vírus da zika todos os dias", disse Erin Staples, médica epidemiologista nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, durante uma coletiva de imprensa.
"Esta situação parece ser única", disse Staples.
O paciente idoso teve um "nível incomumente elevado de vírus no sangue", embora ainda não se saiba exatamente como a infecção se espalhou para o cuidador, descrito apenas como um "contato da família", acrescentou a médica.
Outras formas de transmissão foram descartadas, como ter viajado para zonas afetadas pelo zika ou ter tido relações sexuais com uma pessoa infectada, de acordo com Staples.
Um comunicado emitido pelo CDC afirma que o homem que morreu tinha "quantidades excepcionalmente altas de vírus - mais de 100.000 vezes maiores do que o observado em outras amostras de pessoas infectadas - em seu sangue".
A vítima idosa, que tinha uma condição de saúde subjacente, faleceu no final de junho, depois de ter viajado para um país onde o vírus é ativo, segundo o departamento de saúde do condado de Salt Lake.
Até meados de julho, as autoridades de saúde americanas relataram 1.306 casos de infecção pelo zika no território continental dos Estados Unidos e no Havaí.
Nenhum dos casos foi causado por transmissão local através de mosquitos. Catorze envolveram transmissão sexual e um foi resultado de uma exposição em laboratório.
O zika vírus pode causar uma variedade de sintomas, incluindo erupção cutânea e dor muscular e nas articulações, mas com frequência se apresenta de modo assintomático.
A infecção pelo zika é uma preocupação principalmente para as mulheres que estão grávidas ou que querem engravidar, porque o vírus pode provocar anomalias cerebrais irreversíveis no feto, como a microcefalia, que se caracteriza por um tamanho abaixo da média da cabeça de recém-nascidos e prejudica o desenvolvimento.