O magnata Donald Trump fez nessa segunda-feira (18) sua primeira aparição na convenção do Partido Republicano, em Cleveland, prometendo a vitória nas eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos.
"Vamos ganhar", afirmou simplesmente o candidato republicano à Casa Branca, antes de apresentar sua mulher, Melania, que garantiu que Trump "está preparado para liderar" os Estados Unidos.
"Donald pretende representar todas as pessoas (...). Isto inclui cristãos, judeus e muçulmanos. Inclui hispânicos, afro-americanos e asiáticos; pobres e a classe média", disse Melania Trump, uma ex-modelo eslovena 24 anos mais jovem que o magnata.
Melania, uma ex-modelo nascida na Eslovênia, definiu Trump como um "patriota" dedicado a proteger seu país. "Ele está pronto para servir e liderar este país como o próximo presidente dos Estados Unidos".
"Ele é duro quando precisa ser, mas também é amável, justo e carinhoso. Esta amabilidade nem sempre se nota, mas está lá (...). É uma das razões por ter me apaixonado por ele".
O primeiro dia da convenção foi marcado por uma confusão envolvendo delegados opositores a Trump indignados por lhes terem negado o voto sobre as complexas normas partidárias.
"Vergonha! Vergonha!", gritaram centenas de delegados, ao que se seguiram mais gritos de simpatizantes de Trump, em uma nova demonstração das profundas divisões que persistem no Partido Republicano, que tenta unir forças em torno do milionário para concorrer com a democrata Hillary Clinton nas eleições presidenciais de novembro.
O ambiente na Quicken Loans Arena ficou tenso quando opositores e partidários de Trump se enfrentaram aos gritos e vaias, após um regulamento da convenção ser adotado por aclamação, sem a votação exigida pelos delegados rebeldes.
Em meio à confusão, o diretor de debates bateu o martelo e decidiu contra os opositores a Trump.
"Assim se comportam os camisas pardas", disse à AFP Gordon Humphrey, em alusão às SA, unidades paramilitares nazistas. Humphrey havia entregue o pedido oficial, firmado por delegações de nove Estados para exigir uma votação formal sobre as regras da convenção.
Apesar da confusão, a derrota marcou o fim do movimento "Stop Trump", que pretendia mudar as regras internas para romper o compromisso dos delegados de votar segundo os resultados das primárias, favoráveis ao magnata.
O Partido Republicano abriu a convenção observando um minuto de silêncio em homenagem aos policiais mortos no domingo, em Baton Rouge.
Em seguida, diversos oradores repetiram capítulos do credo conservador e atacaram o presidente Barack Obama e a candidata democrata Hillary Clinton.
Espera-se que nos próximos quatro dias de convenção seja resolvida a complicada relação entre o polêmico magnata e o "Grand Old Party".
O evento, um verdadeiro show politico, acontece em Cleveland (Ohio), uma cidade de 400.000 habitantes que está sob fortes medidas de segurança.
A morte dos três policiais no domingo, em um tiroteio na cidade de Baton Rouge, Louisiana, aumentou o nível de alerta nesta pequena cidade do norte do país, onde as autoridades ergueram um círculo de aço ao redor epicentro da convenção.
Várias ruas foram fechadas ao tráfego e outras, obstruídas com barricadas de concreto - até mesmo caminhões tira-neve tiveram as férias de verão suspensas para manter à distância possíveis manifestantes.
Milhares de policiais do estado de Ohio e de outras jurisdições do país, inclusive forças federais, estarão em guarda entre 18 e 21 de julho para a convenção.
- O show de Trump -
Fora questões de violência, Trump tem preocupações mais imediatas, uma vez que seu estilo cáustico e heterodoxo, sem esquecer sua inexperiência política, provocaram profundas divisões no Partido Republicano.
Melania e os quatro filhos mais velhos do magnata serão usados durante a convenção para emprestar um rosto mais humano ao candidato.
Sua escolha de Mike Pence, governador de Indiana, de postura cristã ultraconservadora, como vice parece ter agrado a corrente conservadora do partido.
Em uma primeira entrevista conjunta, Trump evitou falar sobre Pence, e revelou porque o escolheu: "uma das razões é a unidade partidária, porque sou um 'outsider'".
O primeiro protesto anti-Trump ocorreu no domingo e reuniu algumas dezenas de manifestantes a alguns quarteirões do centro de convenções.
"Ele vai nos levar de volta à idade das trevas", disse à AFP Carol Steiner, trabalhadora médica aposentada.
Mais de 100 mulheres posaram nuas em Cleveland, atendendo a uma convocação do fotógrafo Spencer Tunick, que busca conjugar arte e política para mostrar Trump como alguém incapaz de ocupar a Casa Branca.