As forças do regime sírio, com o apoio de fortes bombardeios russos, retomaram o controle de várias colinas e localidades rebeldes na periferia do sudoeste de Aleppo, freando os avanços da ofensiva insurgente.
Ao mesmo tempo, a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OIAC) mostrou sua "preocupação" pelas informações de que teria sido utilizado cloro em um bombardeio próximo à cidade, que se fosse completamente recuperada pelo poder, poderia se tornar um ponto de inflexão na guerra.
No domingo (31), os grupos rebeldes e seus aliados extremistas lançaram uma ofensiva para tentar romper o cerco imposto aos bairros insurgentes, na zona leste da cidade.
Mas as forças do governo responderam com um violento contra-ataque e, com a ajuda da aviação russa, reconquistaram várias posições sob controle dos rebeldes.
Na terça-feira (2) à noite, os combatentes do regime já haviam se apoderado de duas colinas e de dois pequenos povoados na periferia sudoeste de Aleppo, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Nesta quarta-feira (3), o jornal Al Watan, próximo ao poder, informou que as forças do governo "avançavam de novo para o sul e o sudoeste de Aleppo após os importantes golpes desferidos" contra os grupos rebeldes.
Aleppo encontra-se dividida desde 2012 entre os bairros a oeste, controlados pelo governo, e os do leste, nas mãos dos rebeldes, totalmente sitiados pelo exército desde 17 de julho.
O objetivo da ofensiva era retomar o controle do distrito governamental de Ramusa, nos subúrbios do sudoeste, o que abre um novo eixo de abastecimento para os bairros rebeldes assediados pelo regime.
De acordo com o site pró-governo Almasdarnews, "os rebeldes conseguiram entrar em Ramusa depois de explodir um túnel que haviam escavado para acessar o bairro. Mas depois foram bloqueados e tiveram que deixar a localidade após uma batalha violenta. O regime controla completamente o bairro".
Durante a noite, ao menos 10 civis, incluindo quatro crianças, morreram em bombardeios rebeldes nas áreas sob controle governamental na zona oeste da cidade, segundo o OSDH. Desde domingo, mais de 40 civis morreram durante os ataques dos insurgentes.
Segundo Rami Abdel Rahman, diretor da ONG, esta "batalha é a última oportunidade para os rebeldes. Se a perderem, será muito difícil lançar-se em uma nova ofensiva para romper o assédio". "Para o regime também é uma questão de vida ou morte", acrescentou.
"Os êxitos do exército, especialmente em Aleppo, predizem uma grande vitória", assegurou Aladin Buruyerdi, responsável iraniano de visita a Damasco.
O Irã é o principal aliado do regime e enviou conselheiros militares e oficiais à Síria para apoiar suas forças.
Os rebeldes fizeram todo o possível para manter suas novas posições frente os bombardeios em massa da aviação russa, explicou Abdel Rahman. Conseguiram manter o controle de quatro colinas e um pequeno povoado, acrescentou.
A 50 quilômetros ao sul de Aleppo, na cidade de Saraqeb, o OSDH denunciou 24 casos de afogamento depois que o exército sírio lançou barris explosivos de helicópteros.
"Estamos extremamente preocupados com essas informações", indicou em um comunicado Ahmet Uzumcu, diretor da OIAC, agência apoiada pela ONU e com base em Haia.
O ministro russo de Defesa afirmou nesta quarta-feira que foram lançados "agentes tóxicos" sobre o bairro pró-governamental de Saladin a partir do bairro Al Sukari, controlado pelo grupo rebelde Nuredin al Zinki.
A OIAC denuncia há meses, sem assinalar responsáveis, o uso recorrente de gás sarin, gás mostarda ou cloro nos confrontos que devastam a Síria e que deixaram mais de 280.000 mortos em cinco anos.
O Estados Unidos apoiam a oposição de Bashar al-Assad, mas tentam relança junto com a Rússia o processo de negociações atualmente paralisado.
Washington lidera a coalizão internacional que realiza uma campanha aérea contra os extremistas no Iraque e na Síria. Nesta quarta-feira, o Pentágono anunciou a abertura de uma investigação formal sobre o bombardeio em uma localidade próxima ao feudo extremista de Minbaj (norte) que no último 28 de julho deixou ao menos 56 civis mortos, entre eles 11 crianças, segundo o OSDH.