Barack Obama definiu Donald Trump, nesta quinta-feira (8), como uma pessoa inadequada para ser presidente dos Estados Unidos, depois que o candidato republicano criticou o Exército americano e elogiou o presidente russo, Vladimir Putin.
"Eu não acho que o cara seja qualificado para ser presidente dos Estados Unidos, e a cada vez que ele fala essa opinião é confirmada", disse Obama em linguagem incomumente cáustica durante uma viagem ao exterior.
Obama, que estava no Laos para uma cúpula com os líderes do Sudeste Asiático, em sua última viagem ao leste da Ásia, considerou que Trump possui "ideias definitivamente malucas" e contraditórias e é "desinformado".
"Posso te contar, a partir das interações que tive ao longo dos últimos oito, ou nove dias com líderes estrangeiros, que este é um trabalho sério", acrescentou Obama.
"Você realmente tem que saber sobre o que você está falando e você realmente precisa ter feito sua lição de casa. Quando você fala, deve realmente refletir a política que você pode implementar", explicou.
Trump chamou atenção na quarta-feira ao afirmar, em uma entrevista transmitida pela televisão, que o presidente da Rússia era "muito mais líder" do que Obama.
"Estimo que teria uma relação muito boa com Putin (...) Foi um líder, muito mais do que o nosso presidente", declarou.
Trump também atacou o Exército americano.
"Os generais foram reduzidos a cinzas", disse o candidato, antes de ressaltar que tem "fé em alguns dos comandantes".
O magnata enfrentará Hillary Clinton na eleição presidencial de novembro, na qual a ex-primeira-dama democrata aparece como favorita.
Trump já havia irritado muitos na comunidade militar, ao zombar do senador e ex-prisioneiro e veterano de guerra John McCain, seu correligionário, por ter sido capturado no Vietnã.
O presidente Barack Obama deve ajudar na campanha eleitoral de Hillary, ao retornar aos Estados Unidos, onde o número de eleitores se tornará uma questão-chave.
O democrata venceu as eleições presidenciais de 2008 e 2012 com folga por conseguir levar às urnas um grande número de jovens, negros, latinos e asiáticos.
Hillary considerou, por sua vez, "aterrador" que Trump "prefira" o presidente russo a Barack Obama.
"Curiosamente, outra vez (Trump) elogiou Vladimir Putin como homem forte da Rússia. Dando, surpreendentemente, o passo de preferir o presidente russo em vez do nosso presidente americano, não apenas é antipatriótico e insultante para os habitantes de nosso país e nosso comandante-em-chefe, é aterrador", declarou a ex-secretária de Estado na pista do aeroporto de White Plains (estado de Nova York).
"O que (o ex-presidente republicano) Ronald Reagan diria de um candidato republicano que ataca os generais americanos e elogia o presidente da Rússia? Sabemos a resposta".
Buscando mostrar sua estatura de estadista, Hillary prometeu que capturar o chefe do grupo Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi, será "uma prioridade absoluta", se chegar à Casa Branca.
"Deter Al-Bagdadi exige esforços do mais alto nível, mas isso enviaria uma forte mensagem: ninguém pode dirigir, ou planejar, ataques contra os Estados Unidos e ficar impune".
"Algo que não ouvimos de Donald Trump à noite é que tenha algum plano para enfrentar o Isis (acrônimo do EI em inglês), uma das maiores ameaças que o nosso país enfrenta", disse Hillary.
Ela lembrou que, ao ser questionado sobre como conteria a expansão do terrorismo global, "a resposta de Trump foi simplesmente 'tomar o petróleo'".
"Ele disse que seu plano é secreto, mas a verdade é que, simplesmente, não tem um, e isso é, não apenas perigoso, deve ser desqualificador", afirmou.
Hillary Clinton reiterou que seu oponente está "totalmente desqualificado para ser presidente e que (seu) caráter o inabilita para se tornar comandante-em-chefe".
A candidata democrata também considerou "inapropriado" que Trump tenha mencionado sua reunião com os serviços de Inteligência, organizada para cada candidato à Casa Branca, referindo-se à "linguagem corporal" de seus interlocutores - os quais pareciam, segundo ele, poucos satisfeitos com uma decisão de Obama.
"Isso é completamente inapropriado e indisciplinado. Nunca comentaria qualquer aspecto de uma reunião de Inteligência", sentenciou.
Em visita a Cleveland, no estado de Ohio, Trump atacou a concorrente, referindo-se a seu voto favorável à invasão ao Iraque, quando era senadora, em 2002.
"Hillary Clinton tem o gatilho leve", alfinetou Trump.
"Precipitou-se para invadir, intervir e derrubar regimes", afirmou Trump, acrescentando que ele teria votado contra a invasão, se estivesse no Congresso.
"Políticos como Hillary Clinton semearam a ruína na Líbia, no Iraque e na Síria, a ruína absoluta e a morte", continuou o republicano.
"Suas políticas desencadearam o EI, permitiram a propagação do terrorismo e puseram o Irã no caminho das armas nucleares", insistiu.