O novo embaixador do Brasil na Colômbia, Júlio Bitelli, chegou a Bogotá para assumir o posto no último sábado (15), no momento em que os colombianos e guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias (Farc) buscam selar um acordo de paz no país. Bitelli reafirma a importância que a Colômbia tem para o Brasil, tanto nas relações diplomáticas como comerciais e avalia que a pacificação abre um espaço importante para essa cooperação.
“A pacificação da Colômbia abre um espaço importante em inúmeros campos, por exemplo, na cooperação para agricultura, no agronegócio, que tem muito a oferecer. Já temos mais de 60 empresas brasileiras aqui e a nossa intenção é aumentar essa presença, assim como trazer investidores colombianos para o Brasil”, disse Bitelli na noite de ontem (18), na inauguração do Instituto de Cultura Brasil-Colômbia (Ibraco) – seu primeiro compromisso oficial como embaixador.
Apesar de o acordo de paz assinado em setembro, ter sido rejeitado em plebiscito pelos colombianos no início de outubro, o Brasil continua apoiando o cessar fogo permanente entre as partes e considera o resultado do plebiscito apenas um percalço no processo. “Entendemos que o resultado do plebiscito de maneira nenhuma significa uma rejeição à paz, entendemos que é uma decisão soberana do povo colombiano, mas vemos sinais muito promissores imediatamente pós plebiscito, em que os atores demonstraram que a opção não é voltar à guerra, mas sim trabalhar em cima dos acordos para torná-los melhores”, diz Bitelli.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, estará na Colômbia na próxima semana para participar da Cúpula Ibero-Americana e, segundo o embaixador, deverá reiterar o apoio brasileiro ao acordo de paz. “Apesar de ele vir para uma reunião que é multilateral, sempre é uma ocasião para buscar formas de aprofundar a relação e será também uma oportunidade de manifestar, uma vez mais, o apoio do Brasil ao processo de paz”. Para Bitelli, o susto com o resultado do plebiscito – que rejeitou o acordo com 50,2% dos votos válidos – foi maior que os efeitos práticos da decisão.
O novo embaixador está empolgado com a possibilidade de ampliar os negócios entre Brasil e Colômbia, apesar do distanciamento histórico dos dois países, e diz que “os ventos estão soprando para uma convergência maior”.
“Você tinha na América do Sul parceiros mais óbvios do Brasil e que tinham uma relação mais intensa, até por razões históricas. Curiosamente, os nossos vizinhos do norte são considerados historicamente mais distantes e, quando a gente pensa em vizinhança, pensa em Argentina, Uruguai, Paraguai. Mas isso mudou muito nos últimos tempos, a Colômbia é um país que tem crescido muito, de grande dinamismo, e acho que o Brasil está pronto para aprofundar essa relação com a Colômbia”, avalia.
Julio Bitelli participou na terça-feira, em Bogotá, da inauguração da nova sede do Instituto de Cultura Brasil-Colômbia, como parte da programação do evento Mercado de Indústrias Culturais do Sul (Micsul). O Ibraco funciona há 21 anos em Bogotá, é uma entidade privada, que oferece cursos de português particulares e em convênios com escolas da cidade, além de cursos de capoeira e samba e agendas culturais, como cinema, conferências e exposições.
O Micsul é considerado o principal encontro regional voltado a mercados culturais e criativos da América do Sul e acontece até amanhã (20), em Bogotá. O Brasil está no evento com 60 empresários dos setores audiovisual, livro e leitura, música, artes cênicas, videogames e design.