Apesar de todo o discurso de líderes internacionais sobre as ações que estão adotando para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, dados publicados nesta segunda-feira (24), pela Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que nunca o volume desses gases atingiu tais proporções. Em 2015, a concentração de CO2 e outros elementos bateu um novo recorde. Para a ONU, essa tendência vai deixar o mundo "mais perigoso".
Segundo os cálculos, a concentração de CO2 atingiu pela primeira vez, em 2015, a marca simbólica de 400 partes por um milhão (ppm) e continua a "disparar em 2016".
A taxa já havia sido atingida em algumas partes do mundo em 2015, "mas nunca em uma dimensão mundial durante um ano inteiro" Os estudos também revelam que a concentração de CO2 permanecerão "acima de 400 ppm durante todo o ano de 2016 e não serão reduzidas para baixo desse nível durante muitas gerações".
O fenômeno do El Nino teria colocado de forma decisiva para que houvesse uma aceleração na concentração. As secas em regiões tropicais acabaram afetando a capacidade dessas regiões em absorver os gases. Essas regiões, de uma forma geral, são responsáveis por absorver metade do CO2. Além disso, os incêndios causados justamente como consequência doo fenômeno do El Niño acabaram intensificando as emissões.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), houve um incremento de 37% do efeito de aquecimento do clima entre 1990 e 2015. Isso foi causado pela longa duração e pela acumulação de gases como o CO2, o metano (CH4) e o N2O gerados por atividades industriais, agricultura e residências.
"O ano de 2015 inaugurou uma nova era de otimismo e de ação pelo clima, com o acordo sobre mudanças climáticas, atingido em Paris", disse Petteri Taalas, secretário-geral da OMM. "Mas também fará história por haver marcado uma nova era climática, nas quais a concentração de gases alcançaram níveis sem precedentes", alertou.
O CO2 é responsável por 65% do aumento do efeito estufa nos últimos dez anos. Em comparação ao período pré-industrial, ele sofreu aumento de 144%. "O verdadeiro problema é o dióxido de carbono, que permanece na atmosfera por milhares de anos e pelos oceanos por muito mais", afirmou Taalas. "Se não limitarmos essas emissões, não podemos limitar o aumento de temperaturas", disse.