As autoridades asiáticas revelaram nesta quinta-feira (10) que mais de nove milhões de crianças foram deixadas em áreas rurais da China por seus pais, que foram para a cidade em busca de trabalho.
Estas crianças, que ficaram com os avós e, em muitos casos, sozinhas, são uma das trágicas consequências das últimas décadas da ascensão econômica do gigante asiático.
Milhões de camponeses deixaram as áreas rurais para trabalhar em grandes centros urbanos, onde normalmente seus filhos teriam acesso limitado à escola e à saúde devido ao sistema de registro familiar chinês.
As famílias se veem, assim, obrigadas a deixar seus filhos com parentes.
Um censo do governo revela que existem 9,02 milhões de crianças nessa situação no país, segundo o ministro de Assuntos Civis em um comunicado em seu site.
Cerca de 90% (8,05 milhões) vivem com seus avós, 3% com outros parentes e 4% totalmente sozinhos, ou seja, quase 400.000 menores.
Existem várias tragédias relacionadas a essa situação.
Em 2015, quatro irmãos de 5 a 14 anos de idade foram abandonados por seus pais durante meses e se suicidaram ingerindo pesticida na remota província de Guizhou, sudoeste do país.
"O fluxo de trabalhadores migrantes para as zonas urbanas afetou a unidade familiar e muitos pais não têm consciência de suas responsabilidades", explicou Tong Lihua, diretor de uma ONG que ajuda essas crianças.