Obama e Trump iniciam transição com 'excelente conversa'

Obama assinalou que sua prioridade número um nos próximos meses é ''tentar facilitar a transição'' para assegurar que Trump tenha sucesso em sua função
AFP
Publicado em 10/11/2016 às 18:42
Obama assinalou que sua prioridade número um nos próximos meses é ''tentar facilitar a transição'' para assegurar que Trump tenha sucesso em sua função Foto: FOTO: JIM WATSON / AFP


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu sucessor eleito, Donald Trump, deixaram de lado nesta quinta-feira as asperezas da campanha eleitoral e tiveram uma "excelente conversa" para dar início ao processo de transição ao novo governo.

"Tive uma excelente conversa com o presidente eleito Trump", disse Obama após um histórico encontro no Salão Oval da Casa Branca, lugar símbolo do poder presidencial americano.

"Abordamos a política externa e a política interna", disse Obama, acrescentando que também falaram sobre aspectos organizacionais.

Obama assinalou que sua prioridade "número um nos próximos meses é tentar facilitar a transição para assegurar que nosso presidente eleito tenha sucesso".

Trump, que durante a campanha havia definido Obama como "o presidente mais ignorante da história", disse se sentir "honrado" com o encontro e se declarou aberto a receber conselhos do presidente.

"Discutimos muitas situações diferentes: algumas muito boas e outras que apresentam dificuldades. Espero poder trabalhar com o presidente no futuro, inclusive receber conselhos", disse Trump ao final da reunião.

Obama já deu instruções a sua equipe para garantir uma transição tranquila do poder ao novo governo. Trump deverá assumir formalmente o mandato em 20 de janeiro.

O atual e o futuro presidentes se permitiram fazer uma rápida piada quando o grupo de jornalistas começou a fazer perguntas dentro do Salão.

Obama pegou Trump pelo braço e lhe disse: "Aqui temos uma boa regra: nunca responda perguntas quando eles começarem a gritar".

Dar forma ao novo governo

Várias cidades dos Estados Unidos têm sido cenário de manifestações contra a eleição de Trump desde quarta-feira.

Nesta quinta-feira, as ruas próximas à Casa Branca foram cercadas, ainda que somente em uma praça próxima fosse possível ver um grupo de pessoas que protestava com cartazes que diziam "NotMyPresident" (Não é meu presidente).

Enquanto isso, distantes da imprensa, a primeira-dama, Michelle Obama, recebeu Melania Trump na residência oficial da Presidência.

A agenda de Trump nesta quinta-feira em Washington incluía uma reunião com o presidente do Senado, Mitch McConnell, e posteriormente um encontro com o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan.

A relação entre ambos é difícil, após Ryan anunciar em plena campanha eleitoral que não o apoiaria, ainda que no final tenha lhe dado seu voto.

Como parte do início do complexo processo de transição do poder em Washington, a equipe de assessores de Trump já começou a discutir os nomes de seu gabinete de governo.

O ex-presidente da Câmara de Representantes Newt Gringrich é um dos cotados para assumir o departamento de Estado, assim como o legislador Bob Corker, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

O senador Jeff Sessions, integrante da Comissão das Forças Armadas nessa câmara, é mencionado como possível secretário de Defesa.

Na área econômica, analistas mencionam o banqueiro Carl Icahn assim como Steve Mnuchin, ex-alto funcionário da Goldman Sachs.

Controle total

Com a eleição de terça-feira, os republicanos mantiveram o controle das duas câmaras do Congresso, o que assegura a Trump um governo sem maiores tropeços, nem a necessidade de negociar constantemente com o partido Democrata.

Além disso, Trump terá em suas mãos a nomeação de um juiz da Suprema Corte, decisão que garantirá uma maioria de linha conservadora na máxima instância judicial do país.

Depois da morte repentina do juiz ultraconservador Antonin Scalia, em fevereiro, a Suprema Corte tem um número par de juízes.

Obama chegou a nomear o moderado Merrick Garland para esse posto, mas os republicanos bloquearam a nomeação.

Com a Casa Branca e o Legislativo em suas mãos, os republicanos terão o poder para desfazer as reformas de Obama, em particular seu polêmico programa de assistência de saúde conhecido como "Obamacare".

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