Nesta quinta-feira (19), Obama irá se despedir oficialmente da presidência dos Estados Unidos após ocupar o comando da Casa Branca durante oito anos. Na sexta-feira (20) o presidente irá transferir o poder para Donald Trump. Os oito anos da gestão Obama foram marcados por evolução nos Estados Unidos, mas ainda assim ficaram um pouco distante da expectativa gerada pela sua campanha em 2008, quando foi eleito pela primeira vez. O JC destacou oito pontos que marcaram, positiva e negativamente, a gestão de Obama nos EUA.
Relação com as minorias sociais
Obama posa em frente a uma pintura de Martin Luther King
Foto: YURI GRIPAS / AFP
Apesar da expectativa, a gestão Obama não avançou o esperado no trato com as minorias sociais. Seu governo presenciou diversos protestos contra a violência praticada por policiais contra negros nos EUA. Os maiores avanços ocorreram no campo LGBT, com a legalização do casamento gay e a ampliação de leis para punir acusados de cometerem crimes de ódio motivados pela identidade de gênero ou preferência sexual das vítimas.
Retomada da Economia
Obama visita fábrica de motores em Redford, no estado de Michigan
Foto: AFP PHOTO / Saul LOEBSAUL LOEB/AFP/Getty Images
Quando Obama assumiu a presidência, os EUA ainda eram afetados diretamente pela crise financeira de 2008. Oito anos depois, a situação econômica do País melhorou e se tornou um dos méritos de sua gestão. O índice de desemprego, que em outubro de 2009 chegou a 10%, em dezembro de 2016 alcançou 4,7%. Os setores financeiro e de automóveis conseguiram se recuperar no país e o PIB voltou a crescer. No entanto, a recuperação econômica não foi bem distribuída, com estados do centro do país ainda sofrendo financeiramente.
Obamacare
Logo do Obamacare em frente a uma unidade de saúde dos Estados Unidos
Foto: RHONA WISE / AFP
Símbolo de sua campanha, o Obamacare foi um pontapé inicial para criar uma política de saúde universal nos EUA. Apesar do projeto não ter saído como desejava, Obama ainda o considerou como uma vitória. Vinte e dois milhões de americanos passaram a ter consultas médicas e exames sem carência. No entanto, o preço dos planos de saúde aumentou, gerando críticas de parte da sociedade americana e se tornou um dos principais alvos da campanha republicana. Com a eleição de Trump, o "Obamacare" corre risco de ser diminuído ou até mesmo ser desmontado por completo.
Relação com o Congresso
Obama dircusa para o Congresso dos Estados Unidos
Foto: Brendan Smialowski / AFP
Obama, na maior parte de seu mandato, precisou dialogar com um Congresso majoritariamente republicano em sua gestão. Projetos de Obama, principalmente com relação ao meio ambiente, planos de assistência médica e políticas de imigração não avançaram no Congresso diante da oposição ao presidente. No entanto, apesar disso, apenas um veto de Obama foi derrubado pelo Congresso, quando os parlamentares americanos aprovaram uma lei que permite que vítimas de ataques do 11 de setembro processem a Arábia Saudita.
Visitas importantes
Obama e Raúl Castro, presidente cubano, acompanham partida de beisebol em Cuba
Foto: AFP
Em seus oito anos de governo, Obama visitou 57 países. A mais marcante foi a realizada a Cuba, a primeira de um presidente em exercício no país após 88 anos. Outro local importante visitado por Obama foi a cidade de Hiroshima, atingida por uma bomba nuclear dos americanos na Segunda Guerra Mundial. Ele honrou os mortos da guerra, mas não pediu desculpas pelo ataque. Meses depois, o primeiro ministro do Japão, Shinzo Abe, visitou a ilha americana de Pearl Harbor, onde também honrou os mortos mas não realizou um pedido de desculpas pelo ataque do Japão à base americana da Ilha durante a Segunda Guerra.
Obama e Brasil
Obama e Dilma se cumprimentam durante passagem do americano pelo Brasil
Foto: Jim Watson/AFP
A relação com o Brasil ficou marcada pela revelação de que integrantes do governo brasileiro estavam sendo espionados pelos EUA. Por conta da descoberta, Dilma chegou a cancelar, em 2013, uma visita que faria ao país. Em 2015, no entanto, ela foi à Casa Branca, onde Obama afirmou que o Brasil era uma potência global. Antes da relação ficar conturbada, no entanto, Obama visitou o Brasil em 2011, passando por Brasília e Rio de Janeiro. E, em 2009, durante um almoço que fez parte das reuniões do G-20, Obama decarou que Lula era "o cara" e que o então presidente do Brasil era "o político mais popular do mundo".
Oriente Médio
Momento em que Obama anuncia a morte de Osama bin Laden
Foto: Chris Kleponis/AFP
Foi no dia 2 de maio de 2011 que o presidente Obama anunciou que militares americanos haviam executado Osama bin Laden, líder do grupo terrorista Al-Qaeda e um dos homens mais procurados pelos EUA. Outro ponto positivo foi o histórico acordo nuclear com o Irã, evitando assim um aumento no número de armas nucleares no mundo. A promessa da retirada completa das tropas americanas no Iraque foi cumprida, mas o exército dos EUA segue presente no Afeganistão. O governo de Obama também foi marcado pelo crescimento do Daesh, o auto-intitulado Estado Islâmico, que conquistou áreas importantes no Oriente Médio e realizou atentados na França, Turquia e Alemanha. Missões do exército americano e de seus aliados, usando principalmente drones, foram relizadas em países como Síria e Iraque para combater o Daesh.
Lado "popstar"
Obama e sua família acenam para as pessoas que comparecram ao seu último discurso público
Foto: Nicholas Kamm / AFP
Outra característica apresentada por Obama durante sua gestão foi o seu lado popstar. Por conta de sua popularidade entre os jovens americanos, ele sempre buscou utilizar bom humor como forma de atrair uma melhor percepção sobre seu governo. Playlists no Spotify, brincadeiras durante discursos, participações em programas humorísticos, além de seu especial de meia hora na ESPN americana, onde previa os resultados do “March Madness”, a fase final do basquete universitário dos Estados Unidos. Esses foram apenas alguns de seus momentos de maior descontração à frente da Casa Branca.